Elas em campo. Elas no apito. Elas conduzindo treinamentos.
Elas no mando do clube, na preparação física, cuidando da psicologia, da nutrição, da massagem, da fisioterapia, da medicina.
Elas no domínio da reportagem.
As mulheres do esporte de hoje não são aquelas do esporte de quase 30 anos atrás, quando me formei em Educação Física.
Lá atrás eu escutei muitas vezes aquilo que quase toda mulher ouvia quando colocava uma bola no pé, que futebol não é coisa de mulher, vai lá vestir uma saia, vai, que jogo de mulher não dá jogo, não, viu? E piorava quando era uma mulher ali na chefia de um time, ali na posse de um apito, ali escrevendo colunas de opinião. Eram poucas, algumas raras exceções em mundo tão cheio de homens que papum, era só uma mulher assumir alguma dessas posições de comando para logo aparecer um diretor, um árbitro, um treinador, um torcedor mais fanático dizendo e explicando o que esta mulher tinha que fazer, como a gente tinha que montar o time, como a gente tinha que assoprar o apito ou erguer o cartão vermelho. Afinal, como é que você veio parar aqui?, não tinha nenhum cara disponível, não?
Sabe o pai do atleta? Ele ainda quer um técnico homem para seu filho porque essa daí, ora, essa dona aí não sabe de nada.
Mas que bom que na Copa do Mundo Masculina, que ocorreu no Catar, elas estavam lá, dentro de campo e, engole essa, mané!, na posse do apito.
Que momento!
Agora estamos diante da maior Copa do Mundo Feminina de todos os tempos, e com algumas conquistas: aumento na premiação, maior número de seleções, aquele burburinho na mídia, aquele falatório na rua, o ponto facultativo.
A maior presença de mulheres como treinadoras: Pia Sundhage, sueca que comanda a seleção brasileira; Sarina Wiegman, holandesa no comando da Inglaterra; Martina Voss-Tecklenburg no comando da Alemanha; Bev Priestman, pelo Canadá; Inka Grings, pela Suiça; Milena Bertolini, pela Itália; Amelia Valverde, pela Costa Rica; Desirre Ellis, pela África do Sul; Hege Riise, pela Noruega; Jitka Klinkova, pela Nova Zelândia; Vera Pauw, pela Irlanda; Shui Qingxia, pela China.
Sim, elas sabem o que fazem.
A elas, minha admiração.