José Guilherme Vereza

Crônicas publicadas no projeto.

A vitória das mulheres

Enquanto se chora pela eliminação precoce da Seleção Feminina no Mundial, pela despedida da Rainha Marta das Copas, pela atrapalhada exibição das meninas contra a Jamaica e pela inércia da treinadora Pia diante da necessidade de mexer no time, a crônica esportiva lacrimosa encobre uma imensa vitória das mulheres no campo do humanismo, da justiça e da ética na sociedade

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DEFESAS DE PLACA

Leio no Globo uma reportagem muito oportuna sobre a evolução das goleiras no futebol feminino e me vem ao coração uma compaixão com a posição definida por uma lendária constatação: “goleiro é tão desgraçado que onde ele pisa não nasce grama”. Tal axioma pode estar com o prazo de validade vencido, pois é do tempo em que os goleiros cavucavam

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ELIS, A KOMBI, O BULE E O FUTEBOL

No bule do comercial da Elis na Kombi, o café está requentado. A polêmica já deu o que tinha que dar. Houve de tudo. Esperneios, emoções fortes, louvação à IA como agente da criatividade, medo do descontrole da própria IA, vibrações positivas pelos novos caminhos da tecnologia, execrações públicas sobre a suposta falta de ética de se recriar pessoas, evocações

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José Guilherme Vereza

NORMALIDADES

Ganhar ou perder é normal. Ficar triste é normal. Xingar o Tite, o Neymar, a CBF é normal. Se indignar com o bife de ouro é normal. Achar que o bife de ouro é direito de fazer o que quiser com o próprio dinheiro é normal. Como é normal considerar ostensivo o ato dourado e sangrento diante de uma sociedade

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José Guilherme Vereza

MEUS DEUSES

Ontem chorei. Não pela exibição empolgante da Seleção Brasileira no primeiro tempo contra a Coréia do Sul. Não pela recuperação do Neymar ou pela alegria do primeiro gol do Vini Jr. numa Copa do Mundo. Não pela jogada do Richarlyson que precedeu mais uma pintura de gol, não pela dancinha do time inteiro, inclusive o Tite, a mais perfeita tradução

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José Guilherme Vereza

EMBATES INTERIORES

De todas as dezessete Copas para quais fui convocado, talvez seja essa a que tenha mais cara de sensações antagônicas. A começar pela sede. O Catar, pelas circunstância que “convenceu” a FIFA e pelas violações dos direitos humanos explícita merecia tamanho holofote? Por outro lado, não é importante saber que existem – e como existem – mundos diferentes do nosso,

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José Guilherme Vereza

PERMITO ME DIZER QUE TE AMO

Total respeito aos que não gostam de Copa do Mundo. Seja por protesto contra o Catar, a FIFA ou aos governos e aproveitadores. Seja por misturar futebol com política, seja por achar futebol chato mesmo. Mas por favor, não gastem eloquentes ou velados argumentos para me convencer do contrário, não me apontem o dedo rangendo entre dentes e olhares: “seu

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José Guilherme Vereza

CUIDADOS PARA A ESTREIA

Nos tempos mais gloriosos do Botafogo, o ônibus da delegação entrava de marcha à ré no Maracanã. O time tomava gemada antes dos jogos, menos por fortalecimento energético, muito mais porque, uma vez servido o potente suplemento vitamínico, nunca mais o time perdeu, até ser campeão em 1957. Não sei se abandonaram a gemada, mas o cachorro Biriba entravava com

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José Guilherme Vereza

O FANTASMA DE 66

Numa tarde de julho de 1966, eu era escoteiro (confesso e indesculpável deslize infanto-juvenil) em plena armação de um acampamento numa fazenda infestada de carrapato. À primeira estacada na barraca, apareceu do mato um dos chefes de patrulha. Gago. – Hun hun hun gria um a ze ze ro. Na segunda martelada, ele de novo: – Hun hun hun gria

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José Guilherme Vereza

VESTIU UMA CAMISA AMARELA E SAIU POR AÍ

Abri o armário e ela foi logo se atirando em cima de mim, num abraço que nem abraço de gente. Suas mangas enroscaram minha nuca e eu a envolvi nos meus braços. Rodopiamos. – Que saudade! – Nem fala… – Você foi sequestrada e eu achava que nunca mais íamos nos encontrar. – Passou, passou, passou! – Agora vamos sair

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Crônicas publicadas no projeto.

A vitória das mulheres

Enquanto se chora pela eliminação precoce da Seleção Feminina no Mundial, pela despedida da Rainha Marta das Copas, pela atrapalhada exibição das meninas contra a Jamaica e pela inércia da treinadora Pia diante da necessidade de mexer no time, a crônica esportiva lacrimosa encobre uma imensa vitória das mulheres no campo do humanismo, da justiça e da ética na sociedade brasileira. Em algum lugar de algum noticiário, exalta-se uma vitória:

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DEFESAS DE PLACA

Leio no Globo uma reportagem muito oportuna sobre a evolução das goleiras no futebol feminino e me vem ao coração uma compaixão com a posição definida por uma lendária constatação: “goleiro é tão desgraçado que onde ele pisa não nasce grama”. Tal axioma pode estar com o prazo de validade vencido, pois é do tempo em que os goleiros cavucavam a grama com os calcanhares para terem de costas a

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ELIS, A KOMBI, O BULE E O FUTEBOL

No bule do comercial da Elis na Kombi, o café está requentado. A polêmica já deu o que tinha que dar. Houve de tudo. Esperneios, emoções fortes, louvação à IA como agente da criatividade, medo do descontrole da própria IA, vibrações positivas pelos novos caminhos da tecnologia, execrações públicas sobre a suposta falta de ética de se recriar pessoas, evocações religiosas, profanação dos mortos, presságios bons e maus sobre o

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NORMALIDADES

Ganhar ou perder é normal. Ficar triste é normal. Xingar o Tite, o Neymar, a CBF é normal. Se indignar com o bife de ouro é normal. Achar que o bife de ouro é direito de fazer o que quiser com o próprio dinheiro é normal. Como é normal considerar ostensivo o ato dourado e sangrento diante de uma sociedade onde parte dela disputa osso no caminhão da carniça. Culpar

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MEUS DEUSES

Ontem chorei. Não pela exibição empolgante da Seleção Brasileira no primeiro tempo contra a Coréia do Sul. Não pela recuperação do Neymar ou pela alegria do primeiro gol do Vini Jr. numa Copa do Mundo. Não pela jogada do Richarlyson que precedeu mais uma pintura de gol, não pela dancinha do time inteiro, inclusive o Tite, a mais perfeita tradução da espontaneidade feliz do Brasil. Tão em falta ultimamente. Ontem

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EMBATES INTERIORES

De todas as dezessete Copas para quais fui convocado, talvez seja essa a que tenha mais cara de sensações antagônicas. A começar pela sede. O Catar, pelas circunstância que “convenceu” a FIFA e pelas violações dos direitos humanos explícita merecia tamanho holofote? Por outro lado, não é importante saber que existem – e como existem – mundos diferentes do nosso, valores estranhos aos que se realimentam nas nossas bolhas? Ficamos

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PERMITO ME DIZER QUE TE AMO

Total respeito aos que não gostam de Copa do Mundo. Seja por protesto contra o Catar, a FIFA ou aos governos e aproveitadores. Seja por misturar futebol com política, seja por achar futebol chato mesmo. Mas por favor, não gastem eloquentes ou velados argumentos para me convencer do contrário, não me apontem o dedo rangendo entre dentes e olhares: “seu alienado, inocente útil, incauto, insensível ao maquiavelismo do sistema, que

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CUIDADOS PARA A ESTREIA

Nos tempos mais gloriosos do Botafogo, o ônibus da delegação entrava de marcha à ré no Maracanã. O time tomava gemada antes dos jogos, menos por fortalecimento energético, muito mais porque, uma vez servido o potente suplemento vitamínico, nunca mais o time perdeu, até ser campeão em 1957. Não sei se abandonaram a gemada, mas o cachorro Biriba entravava com a equipe em campo e ainda tinha lugar de honra

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O FANTASMA DE 66

Numa tarde de julho de 1966, eu era escoteiro (confesso e indesculpável deslize infanto-juvenil) em plena armação de um acampamento numa fazenda infestada de carrapato. À primeira estacada na barraca, apareceu do mato um dos chefes de patrulha. Gago. – Hun hun hun gria um a ze ze ro. Na segunda martelada, ele de novo: – Hun hun hun gria do do do dois a ze ze zero. E com

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VESTIU UMA CAMISA AMARELA E SAIU POR AÍ

Abri o armário e ela foi logo se atirando em cima de mim, num abraço que nem abraço de gente. Suas mangas enroscaram minha nuca e eu a envolvi nos meus braços. Rodopiamos. – Que saudade! – Nem fala… – Você foi sequestrada e eu achava que nunca mais íamos nos encontrar. – Passou, passou, passou! – Agora vamos sair por aí, sem vergonha de sair por aí. – Mostrando

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