ELIS, A KOMBI, O BULE E O FUTEBOL

No bule do comercial da Elis na Kombi, o café está requentado.
A polêmica já deu o que tinha que dar. Houve de tudo. Esperneios, emoções fortes, louvação à IA como agente da criatividade, medo do descontrole da própria IA, vibrações positivas pelos novos caminhos da tecnologia, execrações públicas sobre a suposta falta de ética de se recriar pessoas, evocações religiosas, profanação dos mortos, presságios bons e maus sobre o que está por vir.
No caldo da repercussão, lembrou-se que Nathalie Cole cantou com o falecido pai Nat King Cole num filme publicitário, tanto quanto Tom e Vinícius se encontraram do além para vender cerveja.
Lembrou-se também da “indignidade” do propósito indisfarçável da propaganda, que é vender um produto ou fortalecer uma marca.
Pois, quando os ânimos estavam serenados, quando achei o café esfriado, me aparece um brilhante comercial da empresa de telecom Orange, onde a seleção francesa de futebol exibe suas jogadas mais fantásticas e exuberantes. Só que não. Não eram os jogadores, mas as jogadoras. Mulheres jogando futebol de alto nível, que a Inteligência Artificial substitui por homens. Só para demonstrar, com inteligência natural e produção computadorizada, que não há distinção entre talentos.
Começa a Copa do Mundo de Futebol Feminino. Hora de deixar a emoção falar mais alto e colocar café fresquinho no bule. Mesmo porque, pelo fuso adverso, vale ficar acordado para não perder um frame do espetáculo.

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