Um lugar para não dormir

Olho para os meus filhos, ambos esparramados sobre o sofá. Tão lindos! Findaram tudo o que preparei para o almoço, atacaram a sobremesa e, como de costume, nããããooooo retiraram a mesa e nããããooooo se prontificaram a lavar a louça. Somados, pesam 150kg, 33 anos, 64 dentes, 40 dedos, quatro olhos, quatro pés, quatro braços, quatro orelhas, muitos hormônios e preguiça. Amo-os em toda a sua complexidade.

⁃ Filho, vai dormir na cama. Tá mal acomodado aí. Mais tarde te chamo.

Ele reclamou, mas foi.

– Filha, faz igual a seu irmão: vai dormir na cama.
⁃ Eu já dormi na sala de aula, pai – responde sem tirar os olhos do celular.
⁃ Como assim?
⁃ De manhã. É um bom lugar para dormir.
⁃ Mas não é um lugar para dormir, filha!
⁃ Verdade. É desconfortável.
⁃Ah, deixa pra lá, filha.

Pensei, mas não disse, que acontece o mesmo com o campo de futebol: não é um lugar para dormir! E é com essa expectativa que ligarei a TV para ver a seleção canarinho (lembra-se disso?) jogar mais uma Copa. Espero que ela esteja atenta, desperta e concentrada porque, da vez passada, há quatro anos, não esteve!

Rapaziada, não durmam na sala de aula! Não fiquem esparramados no sofá. Bora retirar a mesa e lavar a louça! Usem seus hormônios sem preguiça. Amem-nos em toda a nossa complexidade.

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