Com a confiança de quem sabe que é maior do que qualquer troféu

“Mais do que buscar algo, as meninas levam, prometeicas, as suas transgeracionais conquistas…”

Terminei meu texto anterior, neste espaço, com essa frase porque acredito sinceramente que a mais importante conquista não está fora, mas dentro. Não é vencer a copa, mas cultivar o espírito da vitória no mais profundo de nossas almas, que nos dá casca para vencer as maiores adversidades. Não é o oba-oba midiático o maior prêmio, mas a íntima convicção de que não há riqueza maior do que fazer e viver do que se ama.

A força motriz, a confiança e a coragem das mulheres brasileiras que conquistaram a possibilidade de dispor de uma infraestrutura digna para representar seu país em Copa vale e sempre valerá mais do que qualquer infraestrutura em si e do que qualquer troféu. São essa força, confiança e coragem que nunca podem faltar. Eis o que nos dará base anímica para transformar apoio institucional e investimento financeiro em realização, em medalha, em troféu — quando for a hora.

A Jamaica, que só pôde ir à Copa porque contou com uma campanha pública de arrecadação de dinheiro, é a prova do valor dessa base anímica. A história da nossa seleção feminina também é a prova.

O Brasil se despede da Copa precocemente e a sensação que tenho é de que não faltou talento, não faltou preparação, não faltou gente competente. Faltou, a meu ver, olharem para si mesmas e se lembrarem da principal conquista que já pulsa em cada uma delas. Tudo estava fora — no troféu, no aplauso do público, na atenção da mídia —, quando deveria estar dentro. Quando está fora e vemos a possibilidade de não alcançar, o desespero bate e, no desespero, toda preparação, infraestrutura e capacidade técnica se esvai em lágrimas de vazio.

Agora, é erguer a cabeça, voltar à essência e não se perder dela nunca mais, porque, só assim, é possível lutar pela vitória com a confiança de quem sabe que é maior do que qualquer troféu.

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