A BOLA E AS BELAS

A BOLA E AS BELAS
Eduardo Galeano em seu clássico Futebol ao sol e à sombra nos lembra que a bola, no Brasil, é mulher. Daí que muitos brasileiros a chamam de gorduchinha, menina, e até por nomes como Maricota, Leonor ou Margarida.
Não sei se o escritor uruguaio chegou a pensar na possibilidade de mulheres chutando a bola. Para usar infame trocadilho, a gente, antes, somente associava mulher dando ou não bola para gente. E nem cogitávamos em mulher dando bola para a própria bola. E havia aquela coisa de “maria chuteira”, ou seja, as mulheres que assediavam famosos jogadores.
Hoje, tudo mudou. Em vez de marias chuteiras, temos marias chutando. E quem diz que o futebol feminino é uma forma de desfeminizar as mulheres? Há muita graciosidade em suas performances. Aquela legião feminina de coques, rabos de galo, cabelos esvoaçando em ritmo de um constante bailado entre as quatro linhas nos enche os olhos: há ali poesia de guerreiras que travam o bom e belo combate.
Desculpem as nossas canarinhas, mas, empolgado pela Marselhesa, deixei meus olhos marcarem as francesas Becho, Picaud, Bacha, Renard, Dali e especialmente Eugénie Le Sommer, que me transportou a um velho romance de Balzac denominado Eugenie Grandet, que conta a história de uma jovem provinciana filha de um avarento. E já que saltamos para a literatura, li por aí que a seleção brasileira perdeu o jogo em virtude de causas psicológicas. Psicologia por psicologia, que tal imaginarmos um confronto psicobólico entre Madame Bovary e Capitu? Quem finta mais? A francesa foi mesmo às vias de fato, mas a mocinha dos olhos de ressaca até hoje continua driblando os leitores…

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