“A Terra é azul. Como é maravilhosa. Ela é incrível!” – Yuri Gagarin
Foram 31 dias, 32 seleções, 64 jogos, 169 gols e apenas uma campeã. A Copa do Mundo da Rússia 2018 terminou e pode ser resumida por esta frase proferida há mais de 56 anos.
O cosmonauta russo ainda orbita nas mentes de todos aqueles que almejam conquistas incertas, que enfrentam desafios colossais sem hesitar. Yuri Gagarin enxergou a Terra do alto e, tal qual profeta, vislumbrou, em um recorte no espaço-tempo, o que viria acontecer em sua terra Natal neste último mês.
O mundo é da França, o futebol é azul.
Hoje, imagino a paisagem vista pelo intrépido explorador espacial ao olhar para baixo e observar o grande espetáculo. De primeira, vejo os continentes, Europa e África juntinhas, envolvidas por esse interminável oceano azul.
Naquela cadeia de montanhas ali ao Sul, destacam-se Varane e Umtiti, dois gigantes, seguros, sólidos, instransponíveis, que, de quebra, projetam perigosas sombras na área adversária. Um pouco atrás, a muralha, única que pode ser vista e relembrada do espaço, Hugo Lloris, abraçando todo o gol e protegendo seu povo de improváveis invasões.
Nas laterais, Gagarin certamente deve ter observado dois volumosos rios, Pavard e Hernandéz, que, em suas nascentes compõem a linha de defesa francesa, mas no incontido fluxo desse planeta de futebol azul, correm sinuosamente adiante e deságuam inclementes nas fronteiras mais avançadas.
No centro da Terra, imensos planaltos dominam a paisagem, Pogba e Kanté, soberanos. Ali, a grama é mais verde, a bola corre mais solta, um espetáculo que vai ser apreciado por gerações.
“Como é maravilhosa!” disse o cosmonauta ao observar a movimentação das nuvens azuis sobre o planeta, Matuidi, uma corrente de ar quente e Griezmman, o furacão, incontrolável, que vagueia causando estragos nas defesas mais estruturadas. Griezmman é um fenômeno a ser estudado, corre pelos lados, pelo centro, dispara perigoso verticalmente, é o fator que mantém viva toda a biosfera francesa. É ele quem dita o clima da partida, o ritmo dos rios e das correntes de água. Griezmann determina o início da tempestade, cortada com raios fulminantes por Mbappé, o relâmpago azul que cortou os campos russos tantas vezes. Mbappé e sua eletricidade, suas mudanças rápidas de direção, sua velocidade e, principalmente, sua capacidade de destruição das linhas oponentes, que tantas vezes terminou em estrondos na rede.
E por fim, olhando mais atento, Gagarin deve ter visto um monumento ali na frente, Giroud, o Farol de Alexandria, o ponto de referência desse seleção. Ainda que esquecido, ele estava lá, marcando a direção, orientando e lastreando a nau de Didier Deschamps nessa aventura.
Não houve efeito estufa, buraco na camada de ozônio nem mesmo meteoro que pudessem ameaçar esse time francês na Copa. Todos os países e indivíduos que habitam nosso planeta admiraram, estupefatos, a superioridade, a juventude e a beleza do futebol dos Les Bleus.
Todos se unem a Yuri Gagarin para dizer, mais uma vez: A Terra é azul. Como é maravilhosa. Ela é incrível!