O FANTASMA DE 66

Numa tarde de julho de 1966, eu era escoteiro (confesso e indesculpável deslize infanto-juvenil) em plena armação de um acampamento numa fazenda infestada de carrapato. À primeira estacada na barraca, apareceu do mato um dos chefes de patrulha. Gago. – Hun hun hun gria um a ze ze ro. Na segunda martelada, ele de novo: – Hun hun hun gria … Leia Mais

Com que Roupa?

Não estou sozinho, aliás, estou bem acompanhado. Dizem que o poeta Carlos Drummond de Andrade, como eu, se enfeitava de camisa nova para ver os jogos da seleção brasileira. Gosto do ritual. Ir à loja desportiva mais próxima e comprar, por preço sem sempre justo para o consumidor, uma camisa da Canarinho, e nos dias de jogos, copos de cerveja … Leia Mais

Vizinho

VIZINHO Quando vi meu vizinho pintar a bandeira do Brasil no meio da rua, logo desconfiei: estava chegando a Copa do Mundo. Animados, ele e os filhos repintavam a bandeira em cima do asfalto, depois de quatro anos. E renovavam as esperanças de poder gritar “campeão”. Os filhos são pequenos, nunca viram o Brasil ser campeão, acho até que duvidam … Leia Mais

O resultado de sempre

Essa é uma copa que, após muitos anos, não assistirei em companhia de meu pai. Ele se foi em Agosto. Se ela tivesse sido em Julho, como sempre acontecia, ainda teria dado tempo. Embora nos últimos dias ele não estivesse mais tão interessado no esporte que mais gostava. Vivemos seus últimos doze anos de vida grudados. Aliás, toda nossa pequena … Leia Mais

AMAR ELA

AMAR ELA Que seria do amarelo Sem o mundo paralelo? Que seria da amarela Se tivermos asco dela? Vou voltar ao tempo: usei a camisa amarelinha pela primeira vez na parada de 7 de setembro de 1958. Calção azul, camisa amarela, meias brancas, com beirada verde e amarela, e um miserável par de chuteiras apertadas. Até hoje me doem os … Leia Mais

Sem apelidos

Era tarde quando liguei a TV. Os vinte e seis já tinham sido anunciados e os nomes com as fotos apareciam de tempos em tempos numa faixa sobreposta às imagens da entrevista coletiva. Dei a sorte, no entanto, de pegar esta faixa recomeçando com a lista naquele exato momento. E o começo das listas, todos sabem, é sempre com os … Leia Mais

O que eu fiz com a 9 do Tostão

Logo depois da Copa de 70 no México, ganhei da minha namorada uma camisa da seleção brasileira de futebol. — É do Tostão! — Tostão? Nossa! Obrigado! A mãe dela conseguiu duas: a 9, do Tostão, e a 10, do Pelé. Tinha mania de colecionar camisas de jogador de futebol. Eu queria mesmo era a do Rei, mas tudo bem … Leia Mais

Depois de Marrakesh, pra lá de Teerã

A Sandrinha não suportava que eu a chamasse pelo diminutivo (“um desprestígio”), mas, agora que me abandonou por causa da Copa, que importância tem? Depois que Sandrinha partiu, ruídos para os quais nunca dei atenção ganharam vida. Imagino-a voltando quando ouço passos na escada, a cada toque do celular suponho que seja mensagem dela. Noite dessas, a ouvi, da rua, … Leia Mais

Batendo figurinha

Copa do Mundo não é só sobre futebol, pelo menos de dentro dos portões da escola. Que moleque nunca quis ter o álbum daquela tão comentada tal Copa do Mundo que vai rolar este ano!? Então existe um campeonato mundial de nações jogando futebol entre si!? É tudo muito novo e diferente, então, bora participar do jeito que criança adora: … Leia Mais

Minha irmã manja de futebol

Lembro-me muito bem da Copa de 1970. Eu era um moleque de quase nove anos e, para assistir à competição, fiz uma estripulia. Nosso vizinho, seu Jerônimo – acho que era esse o nome, sei que ele era pai do Rolando, mas pode ser que não, que fosse pai do Marcelo –, enfim, esse senhor trabalhava numa loja de eletrodomésticos … Leia Mais