O resultado de sempre

Essa é uma copa que, após muitos anos, não assistirei em companhia de meu pai. Ele se foi em Agosto. Se ela tivesse sido em Julho, como sempre acontecia, ainda teria dado tempo. Embora nos últimos dias ele não estivesse mais tão interessado no esporte que mais gostava.
Vivemos seus últimos doze anos de vida grudados. Aliás, toda nossa pequena família se juntou à sua volta, enchendo-o de cuidados e carinho por conta do Alzheimer.
Foi nesse período que o lembrávamos do jogo da macaca, para que pegasse seu velho celular transformado em radinho e ouvisse atentamente à partida, gritando e vibrando muito, nas raras vezes em que o time fazia gols (e não tomava). O interessante é que independentemente do resultado, em sua cabecinha branca, seu time sempre havia vencido.
Mas deixemos a Ponte Preta de lado, que agora é a vez da verdadeira seleção. Quem sabe o seu Ivo não estará assistindo lá de cima, ao lado de sua amada, minha querida mãezinha, de camarote, em companhia de São Ivo e de tantos outros santos a que os torcedores têm o costume de recorrer por ocasião das competições, quem sabe até perto de alguns dos milhares de trabalhadores que, segundo dizem, deram suas vidas em sacrifício para a construção dos estádios do país sede.
Estamos em contagem regressiva. Que o resultado seja aquele que estava sempre na memória de meu pai.

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