Copa 2018

A Copa do silêncio

Essa é uma Copa silenciosa. Lembro-me de quando era criança: a Copa de 70. Não só durante os gols do escrete canarinho havia uma saraivada de bombas, bombinhas e traques dos mais diversos calibres. A artilharia já começava bem antes das partidas e seguia por horas a fio depois de seu final. Eu mesmo, para economizar os caramurus mais barulhentos, tinha lá meus expedientes pessoais para representar nossa casa com

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Detetive

Após uma partida vergonhosa, a Alemanha, nossa melhor inimiga, se despede como a chacota oficial da Copa do Mundo 2018. A maldição se comprova. Mas qual delas? Temos quatros candidatas: 1) A queda dos gigantes: Após a histeria da eliminação (seja em choro, risos, ou mero espanto), constatou-se algo inusitado. Desde 2002, toda campeã cai em desgraça na primeira fase da Copa seguinte. França, dona da casa e da taça

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2×0 magro

O futebol tem dessas coisas: expressões e clichês que sintetizam um jogo. Quando nosso time goleia o adversário dizemos: “foi um passeio!”. Se a vitória foi indiscutível, não dando chances para o rival, “demos uma aula”.  Agora, se acontece do favorito perder, é porque “deu zebra”. Quando falamos do placar, também temos explicações curtas. Um a zero é o placar mínimo, 3×0 é o clássico, 4 em diante é goleada.

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GENTE ESQUISITA.

Wilma e Raulino odiavam futebol e Copa do Mundo. Tinham orgulho de dizer que não distinguiam uma bola de futebol de um melão. Já haviam fugido de várias Copas, o que chamavam de burburinho insano, balbúrdia incivilizada, foguetório agressivo, uma alegria artificial e manipulada, um detestável carnaval fora de época dos detestáveis carnavais de fevereiro. Dessa vez, os motivos lhes esfregavam os narizes. Diziam que o Brasil estava em franco

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A dor fantasma

Eu estava concentrada no trabalho quando escutei janela afora uma comemoração efusiva. Gritos, cornetas, buzinas, como se não houvesse mais expediente nesse país. Teria eu pedido a noção do tempo e o Brasil já estava em campo? Não, não era isso. Era a Alemanha apanhando da Coreia (yeah). Era a alegria do brasileiro com a desclassificação do adversário (e por que não dizer inimigo) mais memorável da história das copas.

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Gente mordeu cachorro

Meu leitorado me pede a crônica do jogo do Brasil e eu, ranço de jornalista por 30 anos, preferiria falar da Alemanha, essa sim a notícia do dia. Máxima do jornalismo: cachorro morder um homem não é notícia; ser humano morder cachorro é que é. Hoje gente mordeu cachorro e a Alemanha viveu seu “momento 7×1”. Ok, pessoal, nada vingará “aqueles” 7×1, mas a Argentina perder de três pra Croácia

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Neymar e seu labirinto

Neymar tem um ovo (de galinha, não me interpretem mal) ao alcance da mão. Em vez de pega-lo, prefere perseguir a galinha mais arisca do terreiro e obrigar a penosa a por um ovo só para ele. A cena deve incluir um galo mal-humorado bicando as canelas do craque. Se o terreiro for irregular, com buracos e atoleiros que provoquem tombos e joelhos ralados, melhor ainda. Ao final, Neymar terá

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Quem sabe um dia

Sentados à mesa de sempre do bar de sempre desde as 10h da manhã, com aquelas cangibrinas cheirosas descendo uma atrás da outra, céu lusco-fusco, Tristão, Poleto, Simões, Almeríades e Tobias se encaminham para o que seria o fim da resenha sobre aqueles jogos merrecas que fizeram nossa seleção, quando Almeríades, que sempre mais fala do que escuta e bebe, abriu a boca: – Tem uma coisa me incomodando faz

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Celebração das contradições

Às vezes, nada se espera de um jogo. Quando dois times já classificados entram em campo, por exemplo. Quase sempre vira apenas um teste para reservas, ajudando a poupar aquele jogador importante. Cumpre-se a tabela, nada mais. Era esse o espírito sobre o campo apesar dos discursos de técnicos e capitães nas coletivas de imprensa. E quando um dos times é o anfitrião que acredita estar com a bola toda?

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“Um tango em São Petersburgo”

O poeta argentino Jorge Luis Borges, autor do brilhante conto O Aleph, disse certa vez que o tango é uma expressão de alguma coisa que os poetas tem frequentemente tentando expressar em palavras. Pois bem! Frequentemente a seleção argentina, especialmente em Copa do Mundo, tem expressado o tango por meio do futebol. Assim ocorreu nesta tarde em São Petersburgo, um misto de lágrimas, suor, sangue e euforia, em que até

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