Meu leitorado me pede a crônica do jogo do Brasil e eu, ranço de jornalista por 30 anos, preferiria falar da Alemanha, essa sim a notícia do dia. Máxima do jornalismo: cachorro morder um homem não é notícia; ser humano morder cachorro é que é. Hoje gente mordeu cachorro e a Alemanha viveu seu “momento 7×1”.
Ok, pessoal, nada vingará “aqueles” 7×1, mas a Argentina perder de três pra Croácia e os alemães serem defenestrados pela Coreia, da maneira que foram, são situações humilhantes, que pesam na história de uma seleção. Como a nossa inesquecível em 2014, no Mineirão. E a de hoje, com direito a mico do Neuer, um goleiraço que podia se aposentar sem essa.
Voltando aos assuntos canarinhos, quem me acompanha lembra que avisamos aos 700 milhões de torcedores da Copa do Mundo que o Paulinho era o elemento surpresa. Os sérvios foram os únicos que não nos leram e deixaram passar. Acho que a surpresa foi eles descobrirem que o Paulinho estava em campo. Ou terá sido surpresa o Neymar renunciar ao cai-cai e se focar no jogo? Essa surpreendeu até o próprio craque, que jogou bem, embora sem conseguir deixar o dele. Terá chance.
O jogo foi estranho. Sem VAR, sem polêmica, com o juiz marcando até cama de gato, que eu achei que nem existisse mais. Ando notando a ausência de marcações como jogo perigoso, dois em um, pé alto e obstrução (cobrança em dois toques), e descubro que a cama de gato ainda vigora. Vivendo e (re)aprendendo.
Reaprender será a regra nesta Copa: os latinos, que estavam por baixo dos europeus, vêm com tudo para as oitavas. O bicho-papão já foi a Islândia, o México, agora é a Suécia, quem será o próximo? O hino nacional não termina quando acaba, e nisso talvez resida a força do nosso time, que insiste, junto com a torcida, em cantá-lo até o fim… da primeira parte.
Que Copa emocionante! Mas olho vivo e cuidado com o elemento surpresa…