Um novo tempo?

Acho que é cedo.
– Cedo?
– Sim. E se ele for…
– Não é! Você sabia que ele pediu, publicamente, por urgência nas buscas pelo desaparecimento do Dom Phillips e do Bruno Pereira?
– Pediu?
– Sim. Ele se posicionou.
– Isso é raro.
– Tem mais: ele se tornou embaixador do USP Vida, aquele programa voltado para pessoas físicas e jurídicas que tenham interesse em fazer doações para as pesquisas e ações que a universidade paulista desenvolve no combate à Covid.
– Mesmo?
– Sim.
– Botou a cara?
– Sim! Então, ainda acha cedo?
– Ele é amigo da “celebridade”? Anda com ele? Fala como ele? É esnobe?
– Não! Ele é humilde. Falei com um amigo ontem, que conhece ele desde jovenzinho, quando jogava no América. Disse que o moleque é raíz.
– Esse seu amigo é canhoto?
– Sinistro.
– Acha muito a gente querer um olhar social, sensível, humano de quem joga bola na seleção?
– Não! Acho o mínimo.
– Então por que a maioria não tem?
– Complexo.
– O quê?
– Tem muitos fatores, interdependentes, que interferem nisso. Há uma rede de eventos que…
– Tá, tá, tá! Para com isso! Tem outra coisa que aquele meu amigo me disse. Disse-me, sorrindo, que o gol dele ontem teve a assinatura de um novo tempo.
– Como assim?
– De jeitinho brasileiro, de alegria, de improvisação.
– Eu ressinto dessa picardia nos últimos anos. Estava muito sombrio, anuviado.
– Foi lindo, não? Ele dominou a bola “errado”, ela subiu e ele, literalmente, “voou”!
– Gostei do que o teu amigo te disse: “a assinatura de um novo tempo”. Diria que de reencontro também.
– De recomeço.
– De retorno.
– De ressignificado.
– De redenção.
– De respeito.
– De renascimento.
– De reviver.
– De revolucionário.
– De restauração.
– De revigorante.
– De reconfiguração.
– O que um gol não faz com a gente.
– Com um gol do jogador “certo”, na hora certa, comemorado coletivamente, a gente faz um país.

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