O Arraial da Copa

Este lance, pouca gente viu ou ficou sabendo: com o fim da primeira rodada da Copa da Rússia, as seleções se juntaram e, por sugestão dos brasileiros, fizeram uma grande festa junina. O evento foi exclusivíssimo, só para as delegações e familiares. Nada de torcida, repórteres ou autoridades. Cada país contribuiu como pôde, levando comidas típicas ou organizando jogos e brincadeiras. O arraial estava completo, montado no gramado do Estádio Luzhniki em Moscow, repleto de bandeirinhas e com direito inclusive a uma grande fogueira no meio de campo.

A barraca mais animada era a dos mexicanos. “Ai, caramba”, venceram os atuais campeões! A música era a mais alta e as opções de comida foram sortidas: burritos, quesadillas, tacos, guacamole. Teve tequila, claro, e as margueritas coloridas vinham com canudinhos biodegradáveis. Chicharito e mais dois amigos animavam a festa como mariachis experientes. Já as crianças, brincavam de quebrar a piñata, que nessa festa foi pintada como zebra.

Do outro lado do arraial, todos na barraca da Alemanha exibiam um sorriso meio amarelo. Além de perderem o jogo da estréia, o chopp que encomendaram para a festa veio Alkoholfrei – sem álcool. Assim nem deu pra saborear com a mesma sede o joelho de porco e as salsichas que também eram servidas por ali. E o pior, alguém ouviu de outro alguém que além de não alcoólico, o chopp chegou meio aguado.

O Japão ficou responsável pela Corrida de Saco. Yoshida, querendo homenagear o atacante que fez o gol da vitória contra a Colômbia sugeriu trocar o nome da brincadeira para “Corrida de Osako”, mas Kagawa achou que aí a coisa já estaria passando dos limites. No intervalo entre cada corrida eram servidos guiozas e tempurás quentinhos e variados. Arigatô. Banzai!

Na barraca da Inglaterra o prato mais pedido foi o Fish’n Chips, servido com molho inglês à moda Elizabeth. E para comemorar os dois gols que assinalou contra a Tunísia, Harry Kane distribuía algodão doce feito na hora, por ele mesmo. O Cotton Candy com as cores da seleção tinha formato de furacão e era entregue para quem passasse por ali. Fez muito sucesso com os pirralhos, que ganhavam junto um catavento.

França e Bélgica montaram uma barraca com as duas bandeiras. Os espumantes e chocolates eram da mais alta qualidade, pra ninguém botar defeito. Queijos e geléias de dar água na boca. Lukaku e Mbappé mais pareciam uma dupla de DJs no comando da chapa dos waffles. Durante a noite toda, ficaram inventando coberturas doces e salgadas com muito entrosamento e o mesmo talento com que estufam as redes adversárias.

A barraca da Islândia também impressionou. Talvez porque, além de ser uma das surpresas da Copa, arrancando um empate com os hermanos, a festa era aberta aos familiares. E como na Islândia quase todos são parentes, foi bastante gente. O menu também estava desafiador: Cabeça de Ovelha ou Carne de Tubarão em Cubos. E para beber, uma forte cerveja produzida através da fermentação de batatas. Tá pensando o quê? Os Vikings surpreendem mesmo.

A barraca do churrasquinho ficou por conta do Uruguai, com carnes nobres sempre no ponto perfeito. O cuidado para não deixar Suarez e sua boca voraz perto da churrasqueira foi redobrado. E como os uruguaios também serviram o doce de leite, sobrou para a Argentina a barraca da pipoca. E aí não teve como escapar – o avental de pipoqueiro acabou caindo no colo do Messi.

A quitanda de Portugal, ora pois, apostou tudo no cardápio único e ofereceu o que existe de melhor em matéria de pasteis de Belém. Cristiano Ronaldo servia os doces pessoalmente e acabou bolando uma promoção: levando quatro ou mais, o cliente poderia aparecer no telão com ele por alguns segundos. Foi ele também o campeão de pedidos de selfies e autógrafos.

Já o Brasil ficou responsável pela barraca dos doces juninos tradicionais: pé de moleque, paçoca, brigadeiro, quindim, arroz doce, canjica e outras gostosuras. Rapidamente uma grande fila se formara em frente a barraca. Principalmente jogadores, de todas as seleções. Mas há quem diga que todo esse movimento, na verdade, foi por conta de uma porta secreta atrás do tabuleiro das cocadas, que dava para o salão do cabelereiro do Neymar.

E a tão cobiçada Taça da Copa foi exibida em cima do pau de sebo. Russos e espanhóis também estavam de olho. Mas todos sabem que pra chegar lá em cima, antes vão ter que saltar várias fogueiras. Vai um palpite no Bolão de São João?

Compartilhar:

Curta nossa página no Facebook e acompanhe as crônicas mais recentes.

Crônicas Recentes.