Pra variar, vamos falar de política? Brasil x Sérvia.

Copa do Mundo é uma coisa muito alienante, quiçá desimportante frente às mazelas do mundo, da sociedade, das famílias, do indivíduo. Portanto, vou destoar dos colegas cronistas e falarei agora exclusivamente das coisas que realmente são urgentes. Desta forma, analisarei o posicionamento e a atuação política dos atletas da seleção no primeiro jogo da competição. Vamos aos fatos:

Alisson: foi o famoso isentão, se contentou em ficar observando a disputa entre vermelhos e amarelos. Literalmente, se escondeu atrás dos colegas. Portanto, não sofreu ataques nem da esquerda nem da direita. Destacou-se pelo bigodão, a la Maduro, ou será Pinochet?

Thiago Silva: se aceitou a braçadeira de capitão é porque está alinhado com os valores da maioria. Foi um voraz defensor da tradição, família e propriedade. Manteve a tradição de zagueiros brasileiros que jogam bonito, protegeu a família Tite dos ataques dos vermelhos, que queriam socializar ali na área brasileira. E por fim, valorizou a principal propriedade da seleção: a bola. Manteve a posse, valorizou os ativos. Um pouco incoerente politicamente, pois se propôs a distribuir o jogo com passes de qualidade. Quando avançou, foi pela centro-esquerda, lançando Vini Jr. dentro da área num primeiro lance de perigo.

Marquinhos: outro da turma do centro. Defendeu bem sua posição, mas foi um pouco conservador nas suas investidas. Não é dos caras que gosta de atacar.

Danilo: típico sujeito da direita conservadora e destrutiva, defendendo a bola e fazendo a rachadinha para dar início ao movimento do seu grupo. Obediente aos comandos do capitão e do presidente Tite, manteve sua posição firme e não permitiu as investidas da esquerda vermelha. Mostrou ter boa cabeça, salvando uma bola na linha em um escanteio. Saiu machucado da disputa. Vai fazer falta pelo seu equilíbrio e seu posicionamento sempre coerente.

Alex Sandro: o primeiro esquerdinha da nossa lista. Impediu o avanço da ultra direita sérvia e foi mais progressista que o Danilo. Avançou, apoiado pelo centristas, e quase emplacou seu nome na cédula. Bateu na trave.

Casemiro: o cão de guarda da turma do centrão. Comandou a defesa e mostrou-se um habilidoso articulador, daqueles que não aparecem muito, mas que fazem toda a diferença, mandando e desmandando. Apoiou os correligionários da linha de frente sempre que pode, com muita competência.

Lucas Paquetá: um cara que costumava ser mais ousado, e que também encontrou seu lugar na articulação política da equipe. Suas opiniões se dividem entre apoiar a esquerda e a direita, transitando bem por este espaço de centro. Poderia ter sido mais protagonista, mas preferiu passar a bola para o Raphinha, que desperdiçou uma oportunidade única.

Neymar Jr.: esse gosta de polêmica, começou sua vida política isolado na esquerda radical. Fez sua fama costurando os adversários e agitando as redes. Aliás, é o especialista em redes da equipe, sabe agitá-las  como ninguém: 75 vezes vestindo essa camisa, atrás apenas do Rei. Ontem foi menos protagonista, atuando pelo centro, mais recuado em relação às suas posições habituais. Como sempre, atraiu a atenção dos adversários e foi duramente atacado, pela esquerda, pela direita, por cima e por baixo. Mas tem uma habilidade incrível de enganar a todos e fez isso em um momento único, com jogo de corpo, tirou dois e avançou entrando na área e atraindo a zaga. Vini jr. se intrometeu e assumiu a pauta. Richarlison completou e garantiu o primeiro turno. Foi atingido duramente pela oposição, se tornando inelegível para os próximos confrontos. Será que volta a tempo? Espero que sim.

Raphinha: atuou na extrema direita, sendo o primeiro a enfrentar a oposição de frente. Caminhou em direção ao centro algumas vezes, mas no momento da decisão, falhou. Foi aquele típico bom de campanha, ruim de voto. Mas mostrou-se importantíssimo para a coligação. Boa atuação.

Vinicius Jr.: do outro lado do espectro político, na extrema esquerda, estava Vini Jr. Um novato que demonstra muito futuro, com qualidade na hora de firmar alianças com Neymar e Richarlison. Infernizou a oposição com suas investidas incisivas. Foi o fiel escudeiro do cara, armando a politicagem toda ali dentro da área, deixando a situação toda pronta para os votos decisivos.

Richarlison: o cara. Sempre fiel às suas posições, parecia isolado no primeiro tempo, apático no centro. Mas como todo político astucioso, apesar da pouca idade, só esperava o momento certo para entrar em cena. Não podemos aliviar, é um oportunista! Aproveitou a confusão causada por Neymar e Vini Jr. e roubou a bola.  Em seu segundo ato, se mostrou um populista de marca maior, cravou um ato político que vai ficar na história das Copas. Jogou para a torcida: deu o tiro de misericórdia nos vermelhos, sem nenhuma piedade.  Na diplomacia, serviu como pombo-correio, avisando ao mundo que estamos chegando, voando.

Tite: o chefe da quadrilha, presidente do vestiário. Organizou um esquema muito sofisticado para roubar a bola do adversário, o REC5. Diante da dificuldade de emplacar uma bolada no primeiro tempo, rearranjou a equipe e conseguiu tirar partido do desgaste da oposição. Um estrategista político que soube mobilizar seus comandados em torno da sua pauta.

Como fica o ambiente político da seleção depois dessa primeira jornada? A equipe saiu fortalecida, ganhou espaço na mídia e conseguiu mobilizar a militância verde-amarela, que estava meio desconfiada. Tornaram-se ainda mais favoritos na corrida para a eleição de melhor futebol do mundo.

Agora, resta saber quem serão os suplentes de Neymar e Danilo. Mas fiquem avisados, só estou preocupado com a posição ideológica deles, pois precisamos saber o que pensam e quem vão apoiar: o jogo vai pender para a esquerda, para a direita ou vai se concentrar no centrão, dado o destaque que Richarlison conseguiu? Seguiremos atentos, o xadrez político dessa Copa está só começando.  

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