Nunca se desfaça de um gato

Gosto do Adenor, um cara que não se rebaixou a Bolsonaro. Acho o Titês, o idioma criado por ele, bobo e desnecessário, mas respeito e gostei de ele ter levado pra Copa um grupo de qualidade, tirando o Danny babá do menino Ney, óbvio. O Brasil tem técnica, mas hoje faltou um Técnico pra nós.

Vamos aos fatos, faltou um técnico hoje ao Brasil pra não permitir que o garoto Rodrygo batesse aquele primeiro pênalti, deixando os especialistas por último. Era um momento de abalo psicológico, a seleção havia acabado de tomar o gol. Animicamente era preciso escalar para essa missão hercúlea o Thiago Silva, o Casemiro, ou mesmo o Neymar. Ninguém mais.

Mas antes disso, faltou um técnico hoje ao Brasil pra trancar o time atrás no final, e impedir que dessem essa sopa pro azar, tomando, pasmem, um gol de contrataque. Assifudê.

Faltou técnico ao Brasil hoje muito antes, pra fazer o time rodar, os alas pressionarem a saída deles. Faltou um técnico para não deixar o time se desconcentrar depois que marcou o golaço que ia dando a semi pra nós. Faltou um técnico pra explicar aos atletas o que significa comer carne com ouro antes da hora.

Sem querer ser engenheiro de obra pronta, como se diz, faltou um técnico ao Brasil hoje pra ter coragem de substituir o Paquetá, pra fazer os laterais marcarem, pra dar uma bronca nos atletas em cada bola perdida, trazendo-os para o estado mental que uma situação dessas exige. Faltou um técnico de luz, pra evitar o nosso apagão.

Faltou um técnico que exigisse que, nos jogos preparatórios, jogássemos com times europeus. Isso faltou muito. Aliás, faltou técnico até pra consolar o time destruído, logo depois do jogo, ainda dentro de campo, ao final do sonho, os moleques chorando no colo do Modric. Faltou muito um técnico pro Brasil hoje.

Mas faltou mesmo alguém que acolhesse o gatinho. Tomasse sua visita como
um sinal e mostrasse ao mundo como é que se trata um animal. Quem tem gato sabe de seus poderes e de como é difícil se aproximarem assim, querendo falar no microfone, de graça, dando sopa. A bola pune, mas os bichanos também.

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