18 anos de idade e 1,61 de pura magia.
Esse é um prenúncio de uma craque, que desafia qualquer lógica da meritocracia e faz a gente acreditar em deuses, deusas na verdade, uma guerreira, uma xamã, uma ilusionista, uma brava, uma lenda, linda.
Se alguém já viu como a bola gruda no pé da Caicedo não vai achar esse texto um exagero, e só tem dezoito anos, dezoito. É dessas coisas que desafiam o tempo, implodem o tempo, a experiência, é uma pessoa metade humana, metade futebol, ou quem sabe toda futebol, uma coisa impactante, inacreditável, uma ave rara.
A bola dorme no seu pé e odebece seus comandos, e como ela se diverte no seu fazer, escorregando a bola de um lado pro outro, como se fosse fácil, e é fácil, é difícil para nós, meros mortais, para Linda é uma coisa natural, a bola é a extensão de seu corpo.
E com esse nome ficaria fácil para qualquer poeta escrever trocadilhos, Linda e Alegría, tem swing e sangue latino-americano, escrevo isso no dia internacional da mulher negra latino americana e caribenha. Um dia depois, ou antes, não sei (Austrália e Nova Zelandia é puxado saber dos fusos) dela fazer seu primeiro gol em uma copa do mundo, um golaço de fora da área, depois de umas rabiscadas no vento e uma ginga pra lá e pra cá.
Pra dar conta de acompanhar o tempo de Linda, teremos que compreender melhor o tempo de Exu, que mata um pássaro ontem com a pedra que só jogou hoje. E dirão até que seu gol contou com a colaboração da goleira adversária, bobagem, como pegar um chute desses, com uma rotação diferente. A goleira devia estar observando Linda e quando percebeu foi pega pela beleza.
Na seleção colombiana está desfilando uma lenda, uma jogadora rara, e se nessa copa, nos despediremos de Marta e Rapinoe, ficaremos com Linda Caicedo pra nos renovar o espanto e fazer com que um esporte tão simples seja tão elegante, tão bonito, e tão apaixonante.