Hoje tem Bélgica e França. O Brasil ficou de fora.
Amanhã tem Croácia e Inglaterra. Os donos da casa ficaram de fora.
A Copa da Rússia apresenta a originalidade como sua principal atração. Surgiram novos talentos. Os velhos ficaram de fora. Alguns caíram em desgraça.
A Rússia se mostrou um país bonito. Surpreendentemente – ou circunstancialmente – alegre, festivo, de alto astral. Sua História de glórias e sofrimentos não foi escondida. Sua arquitetura múltipla se exibiu a um mundo que não a conhecia como merece ser apreciada.
Os estádios são espetaculares, tanto quanto alguns jogos por eles encenados. Não estive lá in loco, mas tenho a impressão de que a Copa foi bem organizada, segura – pelo menos até o momento – e feliz, apesar das decepções inerentes ao futebol.
Parabéns para a Rússia.
Mas o certame teve um concorrente de fortes emoções.
A Copa do Mundo da Tailândia.
Senão atletas, heróis desfilaram o que de melhor a Humanidade pode produzir: solidariedade além das fronteiras. A começar pelo mergulhador britânico, que nadou quilômetros turvos e horas sem rumo, driblando a claustrofobia e o medo, até encontrar as 12 crianças e o técnico dos Javalis Selvagens. Por ironia, um time de futebol.
Estavam todos vivos e concentrados pelo infortúnio num buraco inimaginável e encharcado nas profundezas dos cafundós onde Judas perdeu as botas.
Mas o time da solidariedade humanitária jogou direitinho. Os melhores de todo mundo foram convocados ou se apresentaram, tanto faz, o importante foi a motivação espontânea. Planejaram estratégias e táticas até então inconcebíveis. Tiveram sorte, talento,
competência, tranquilidade, determinação,
perseverança. E coragem, muita coragem.
Resultado: depois de perder um dos heróis para a crueldade do desafio, depois de uma empreitada sem precedentes e depois de prorrogações exaustivas contra o relógio, exibiram sem exibições pirotécnicas e egocêntricas treze troféus de ouro: doze crianças e um adulto, dados como derrotados pelo destino até a última volta do ponteiro.
Parabéns, time de resilientes. Parabéns, time de voluntários. Parabéns, time de heróis. Parabéns, Humanidade, que, dessa vez surpreendeu pela rara generosidade.
A Copa do Mundo da Rússia já entrou para a História. Não só pelo espetáculo da Copa em si, mas pelo que também aconteceu a milhares de quilômetros dos belos estádios.
Domingo tem final. Façam seus palpites. Mas para mim, já existe um time vencedor.
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José Guilherme Vereza
José Guilherme Vereza é publicitário, redator, diretor de criação, escritor, ficcionista, cronista, roteirista. Pós graduado em Pedagogia, acrescentou o “professor” nessa lista de coisas que gosta de fazer. E não para por aí. É pai de quatro (objetiva e subjetivamente), avô de dois, metido a cozinheiro, botafoguense típico, ama escrever. Ter sido convocado para o timaço do Crônicas da Copa é seu imodesto gol de placa.
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