Sobre Andressa, e o bom futebol

Saio saciado desta estreia do nosso onze feminino. Me pego mesmo risonho. Não vou comentar, como muitos estão a fazer, sobre a superação que é, para cada uma delas, estar ali. Seria inexato. Incompleto. Prefiro focar no que é realmente a ossatura desse escrete: o bom futebol. Elas jogaram como uma seleção brasileira deve jogar. Elas foram Brasil. Ponto. Elas atacaram do início ao fim. Jogaram muita bola. Como deve ser.

Se nossa primeira fase for toda assim, já teremos cumprido nossa tarefa. Quando jogamos assim, nunca perdemos. Mesmo que o placar seja contrário. Pior para o placar.

Aposto também que a grande maioria da crônica esportiva vai gastar baldes de adjetivos com a Cristiane. É de praxe. É merecido. Pivoteou como poucos. No primeiro gol cabeceou de olhos abertos, tirando da arqueira, com a bola morrendo na rede lateral, impossível. E o que dizer da falta? Uma bomba santa. Tijolo reto, sem truques. Golaço.

Mas não é sobre a Cris que quero falar. Seria mesmo chover no molhado. Espesso engano. O ponto nevrálgico dessa partida foi Andressa. Que aragem fina. Como passou. Como distribuiu. Da mesma linhagem de Didi, Gerson e Sissi. Lançamentos lúcidos, precisos. A bola precisa, necessita, passar por ela para ser alinhavada. Foram simplesmente duas assistências de nitidez e concisão rigorosas. Sem contar outros quatro ou cinco lançamentos de pura seda, daqueles com giz no taco. Aquele passe que é meio gol. Mamão com açúcar.

Em tempos de futebol moderno, com a linha de marcação alta, ter um pé com a fundura ampla da nossa 7, é meio gol mesmo. Formiga rouba, e Andressa mete o couro no exato ponto futuro, quebrando a linha, terminando no poder de finalização de Cristiane. Simples. Fácil.

Agora vem a Austrália. Mordida depois de perder da Itália, de virada. Pode dar galho. Vai ser chumbo grosso. Que o nosso escrete continue com essa bola redonda, independente do placar.

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