O bom do mata-mata é que cessa o cai-cai, não tem mais aquele agarra-agarra dentro da área, é a hora do pão pão, queijo queijo, e e já já você vê quem veio a passeio e quem veio pra ficar.
Dá pra ver que o jogo do Brasil me deixou gaga, quase gagá, tatibitate, pois gritei muito e só não aderi ao oba-oba porque não gosto nada nada disso. Mas confesso que superou minhas expectativas. Sabia que tínhamos futebol pra passar com facilidade pelos mexicanos, mas em tese também os alemães tinham, e deu no que deu. A Seleção precisava crescer na hora certa, e é isto que está acontecendo: o Neymar amadurece, joga pro time, se consolida como um dos grandes nomes do torneio.
Desta vez contrariei as superstições e assisti com outra roupa, em outra TV, em outro bairro, como a desafiar os adversários deste e do outro mundo (morro de medo da vingança de Montezuma, essa sim implacável). Mas, por incrível que pareça, minha rebeldia pessoal não interferiu nem no placar nem no desempenho do time, que não correu os riscos que tanto temíamos.
Quando acabou a partida, desci pra procurar comida, como pelo jeito fazia toda a vizinhança. Vuvuzelas esgoelavam em volta, pessoas chacoalhavam bandeiras, carros batiam buzina, e um deles acenou pra mim como se fôssemos velhos conhecidos. Não éramos. Era apenas aquele gozo fugaz de uma vitória para levantar um pouco o moral da tropa, tão combalido nos últimos tempos.
Sorri pro desconhecido, dei-lhe um tinindo, rumei pro supermercado, mas logo uma tristeza voltou a me tomar. Precisamos, o Brasil precisa, de um movimento de conciliação. De um camisa 10 capaz de colar os cacos quebrados. Mas ele não pode. Está no gancho de um juiz parcial.
E segue o jogo, rumo à Bélgica, que mostrou, contra o Japão, não ser imbatível.