Perdebilidade

Eu conheço alguns Tite. Podem não ser “o” Tite, mas operam exatamente como ele. Explico melhor a você, desencantado torcedor brasileiro. No mundo empresarial onde transito há décadas pululam dezenas de Tite.
São indivíduos que expressam-se muitíssimo bem, são donos de um imenso carisma e uma gigantesca capacidade de envolver audiências. No entretanto, na hora de passar o traço na conta, não entregam o resultado esperado.

Se Tite dirigisse grupos como dá entrevistas, o Brasil não seria apenas campeão mundial de futebol, mas talvez paladino galático.

Tite é um poeta com as palavras. Que outro técnico você conhece que usa o termo “aleatório” para explicar aos jornalistas o porquê de sua queda diante dos belgas?

A linguagem do técnico do escrete nacional é semelhante a dos coachs corporativos. Ele fala de “gestão de pessoas”, “performance”, mas também cai, como os palestrantes 171, nos detestáveis “treinabilidade” e quetais.

Quando vi um “speech” de Tite pela primeira vez lembrei-me dos inúmeros sabichões que ouço por salas de reunião de agências de publicidade. Com doçura na voz e precisão nos tons e maneiras, prometem mundos e fundos à consubstanciação de nossos projetos. Contudo, na maioria das vezes, o produto final é de uma considerável decepcionalidade.

Não foi diferente com a equipe orientada por Adenor Leonardo Bachi. A explicação das estratégias de “gamificação” antes dos prélios era colocada de um jeito tão convincente que, poderia-se crer que, além de trazer o Caneco, ainda ficaríamos com metade do território russo – inclusive as regiões produtoras de urânio e petróleo.

Ficam algumas lições para o futuro. Uma é que o data intelligence não é deus. Especialmente em situações onde o aleatório – como diz Adenor – tem grande influência. Outra é que deve-se falar menos, jogar com mais amor à camisa e menos titebilidade.

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