Aquele 7×1 foi fatal. Acabou com o élan de décadas que havia entre o torcedor brasileiro e sua Seleção. O momento político nacional é dos mais broxantes da História contemporânea. E, ainda por cima, milhões de pessoas deixaram de assistir à tv aberta, o que turbina bem mais a sensação de esvaziamento do evento russo.
Tudo bem, vai ter Copa, mas vai ser a Copa da depressão. Aquela chata polarização que você já conhece de longa data, os grupos de WhatsApp reclamando de tudo – da imagem do satélite às frescuras cabeleirísticas de Alisson e Neymar, passando pelo moicano de Paulinho e o visual modernista barroco de Tite.
Sim, vai ter Copa, mas uma Copa mais pra mortadela Ouro Perdigão do que pra presunto pata negra espanhol.
Bem-vindo ao torneio mais fluoxetina de todos os tempos. E olha que ele combina perfeitamente com a literatura eslava. Em certos quadros depressivos, ler Dostoiévski ou Turgueniev leva ao enforcamento sumário. Ainda mais se a leitura for num Ipad, com pouca bateria, num dia cinzento em Moscou.
Por isso, o hino da Seleção de 1970 deveria ser assim em 2018:
PRO SACO, BRASIL!
Duzentos milhões de ladrões
E Copa, Brasil?
Ai, que depressão…
Todos juntos vamos
Pro saco, Brasil
Salve a Seleção?
De repente é aquela loucura demente
Parece que todo o Brasil tá doidão
Todos ligados no mesmo Galvão
Ai, mas que decepção!
Todos juntos vamos
Pro saco, Brasil, Brasil!
Salve a Seleção?