QUEM TEM MEDO DAS PATAS DAS GAZELAS?

QUEM TEM MEDO DAS PATAS DAS GAZELAS?

Cessa tudo o que a antiga musa canta, desde o calcanhar de Aquiles ao calcanhar de Sócrates: um outro valor aos rés do gramado se levanta.
Nosso papo aqui não é cabeça, mas pé. Mas que fiquem longe aqueles mórbidos adoradores de pés, como Henfil, Glauco Matoso e os não menos mórbidos podófilos Horácio e Leopoldo, personagens do romance A pata da gazela, de José de Alencar, que ficavam de olho nas fímbrias do vestido de Amélia, a ver se seus pezinhos faziam dela uma mulher de verdade.
E vou buscar no fundador do romance brasileiro um trecho desse citado livro: “Pensem os fisiologistas como quiserem, o pé é a parte mais distinta do corpo humano; sem ele a estatura não teria a nobreza que Deus só concedeu à criatura racional.” E vamos louvar os pés Marta, Temires, Debinha, Gabi e suas companheiras, sem esquecer também da importância das mãos de Letícia, Bárbara e Camila.
Se na história romântica de Alencar um leão foi esmagado pela pata da gazela, como lemos na linha final, espera-se que as notáveis leoas estrangeiras sejam também vencidas pelas gazelas de nosso selecionado feminino. E vamos acreditar nos pés de Maria Eduarda, Bruna, Aninha, Mônica, Andressa e Luana. Que todas elas triunfem e façam, sobretudo aos céticos machões, mudarem de opinião e enxergar que o futebol jogado pelas mulheres não é um pé no saco, mas uma bela caixa, não de Pandora, mas de surpresas.

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