O que nos faz brilhar os olhos – uma crônica apaixonada

A seleção brasileira de futebol feminino já desembarcou na Austrália e, dia 24 de julho estreará no Mundial.

A Austrália fica a 15.569 km do Brasil. São 30 horas de voo, com direito a uma parada para abastecer o avião.

O que move nossas jogadoras a se abalarem até outro continente para jogar algumas partidas de futebol? Fama? Dinheiro? Reconhecimento? Talvez, mas eu acredito mesmo que seja paixão.

Uma vez ouvi de uma pessoa com quem costumava me relacionar que ela não acreditava em namoro a distância. Neste caso, a distância entre nós era 620 km. Será mesmo que o que nos separava eram 8 horas de ônibus? Uma hora e meia de voo? Com certeza não. O que nos distanciava nesse caso era a ausência de paixão. E essa autora, que já passou por muito perrengue amoroso nessa vida, aceitou e seguiu em frente, cantarolando a música do Milton Nascimento de que “qualquer maneira de amor vale a pena, qualquer maneira de amor vale amar”.

Quando não há paixão, a gente quer que tudo seja fácil. Que a bola chegue nos nossos pés, de preferência quando estivermos na cara do gol. Que o jogo seja fácil, que a torcida seja grande e que a grama esteja perfeita. Mas quando encontramos algo ou alguém que faz nosso coração batucar de felicidade, ah, aí 620 km ou 15.569 km não são nada.

É preciso estar aberto e disposto para que a mágica aconteça. E, de tanto seguir por aí cantarolando, recentemente tive a sorte de encontrar alguém que não mediu a vontade de estar junto pela quilometragem, mas pela conexão verdadeira que tivemos desde o início. Conexão mesmo: por videochamada, por ligações telefônicas, por WhatsApp. Em breve, iremos nos conhecer pessoalmente. Ele está disposto a encarar as 8 horas de viagem para poder estar comigo, mesmo que só por dois dias. E eu a encontrá-lo uma semana depois em São Paulo.

O que move nossas conquistas, o que faz os sonhos se tornarem realidade é sempre a mesma coisa: amor, paixão, entrega.

Desejo às meninas que a jornada delas nessa Copa seja linda. Mesmo que o nervosismo bata, que os cartões amarelos surjam ou que alguma lesão apareça. Mesmo que chova, que a grama esteja ruim, que o jogo seja difícil e a torcida não colabore. Porque quando a gente tem paixão nada disso importa. Quando estamos conectados com o que nos dá frio na barriga, faz o coração acelerar e os olhos brilharem, o jogo já está mais do que ganho.

Que as distâncias jamais nos afastem da felicidade profunda que é estar próximos daquilo ou de quem nos faz suspirar.

Nós, brasileiros, estaremos torcendo, ainda que de longe.

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