Abertura

É cedo pra falar no Hexa e tarde pra comentar o jogo. Acho que, de novidade, restou só aquele botãozinho na gola. Alguém mais reparou? Já deram conta de tudo, inclusive dos memes. O goleiro sérvio mal foi buscar a segunda bola na rede e já tínhamos o Pombo voando nos Zaps. Rapidez e criatividade.

“Que jogo e que golaço!!”, repito hoje (sábado à tarde) como se fosse o delay das transmissões por streaming. Estamos mais seguros, não tem como negar. Torci confiante e sem sofrimento, sem arranhar os dentes ou roer as unhas, que nunca roí. Gritei, é claro! Aí não tem jeito e os vizinhos estão de prova. Faz bem, imagino. Acho que a gente torce para o país como torce pra gente mesmo. Fiz isto há pouco nas eleições e faço agora nos jogos, sem esquecer do botãozinho no uniforme. Alguém mais reparou?

A partida e o fecho na camisa me trouxeram lembranças da Copa de 70, não que o uniforme da época tivesse um, mas a pecinha de plástico ou de osso me remete ao passado. E esta Copa foi aquela em que aprendi a torcer e gostar de futebol. Lembrei também das seleções que vieram depois, das que jogaram bem, mas não venceram e das duas outras conquistas. É incrível como as Copas do Mundo nos levam a alguma nostalgia à medida que se acumulam gerações. Vai ver até meu filho e minha filha, nascidos nos anos 1990, repetem este comportamento. A vitória de 1994 significou pouco, mas as madrugadas de 2002, quando já estavam crescidos, ficaram na memória. Eles viram a conquista do penta.

Assistimos juntos ao jogo contra a Alemanha num domingo de uma manhã de inverno. Depois deles, as crianças das gerações seguintes não tiveram a mesma felicidade e mal imaginávamos o que viria em 2014 contra esta mesma Alemanha ou o que viria para o país um pouco depois. Não vou esquecer, como mandam os estudos de história, mas hoje estou presa ao botãozinho. Ele fica fechado durante os jogos e quando se abre, exibe a bandeira. Alguém mais reparou? Acho simbólico. Estamos nos recuperando.

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