Camisa 10

Novembro tem tudo para ser o mês do ano, e não digo isso por ter nascido nele muitos anos atrás, antes mesmo de o Brasil ser bicampeão mundial. O que justifica esse protagonismo é que, ao longo de seus trinta dias, teremos grande parte da Copa e o início da transição de governo.
Logo de cara, o dia sete promete revelar quem são os convocados do Tite. Não haverá muita novidade, mas sempre aparece alguém que corria por fora. Sei que não estou em condições de exigir nada, mas a prudência sugere que se convoque algum jogador do Botafogo, pois nas melhores Copas sempre houve um. Assim, se hoje o alvinegro não tem ninguém da estatura de Garrincha, Nilton Santos, Jairzinho, Paulo César Caju, Gérson ou mesmo do goleiro Jefferson, algum dos atuais meninos (sou um torcedor que nem sabe ao certo o nome da moçada) deve ter mais fôlego que um Daniel Alves, não é?
A partir do mesmo dia sete, outra seleção começa a ser formada, a do futuro governo Lula. Assim como Tite sofre ingerência em suas escolhas, haja vista que somos todos um pouco técnicos, como se repete à exaustão por aí, Lula também sofrerá. De um lado, de seus aliados de primeira hora e os de última hora, os botinudos que sempre aderem a quem chega ao governo. De outro lado, de nós, o povo. Os petistas de carteirinha torcerão para que o vermelho tome conta das ações. Os que se aliaram ao partido, vindo de mais à direita, batalharão para que haja menos vermelho, defendendo, no máximo, um rosa brando.
No campo, Neymar é o dono da camisa 10, devendo ou não devendo ao Leão, tendo apoiado ou não o governo que sai de cena. O rapaz joga bola, precisa provar que sabe conduzir um time no campeonato mais importante. Torceremos pelos seus pés, sem nos comprometermos com seu bolso e com suas ideias.
Ofereço um palpite ao Lula. A camisa 10 de sua equipe deve ser dada à Marina Silva (ou a quem ocupar a área ambiental). Ela deverá distribuir o jogo, ora vindo mais à esquerda para tabelar com os pontas da questão social, ora mais à direita para fazer o famoso um, dois com os economistas. De um lado ou de outro, o importante é cobrar que as decisões levem em conta a preservação. Ao lado dela, um Gérson atualizado e capaz de dar dinâmica e velocidade ao governo deverá cuidar da educação. A saúde pode ser um volante de contenção, uma vez que tem um modelo mais bem definido (alicerçado no incrível SUS), devendo apenas impedir que os pés habilidosos dos adversários entrem até a pequena área e façam gol.

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