Faltam nove dias para o início da Copa do Mundo feminina de futebol de 2023, mas aqui em casa a torcida já começou. Já teve início também o festival de comentários machistas como “não vai ter público”, “não tem graça”, “no nacional sempre vencem os mesmos times”, “é muito previsível” e bla, bla, bla.

Não faço ideia de como anda a venda dos ingressos para os jogos na Austrália e Nova Zelândia, que estarão sediando o campeonato. Acaba de me ocorrer que posso perguntar a uma amiga que mora por lá, mas imagino e espero que seja um total sucesso. Por aqui, já sinto que nossas atletas são vitoriosas, afinal, a simples sobrevivência em campo masculino, contra todas as adversidades já as faz minhas heroínas.

As expectativas estão longe de ser modestas. Torço para um grande desempenho da seleção brasileira, que demonstra uma evolução fantástica ao longo dos anos, mas não tem um resultado positivo para mostrar de seu. Marta merece. As meninas mais jovens merecem. Nós mulheres, brasileiras, merecemos.

Logo eu, que nem sei jogar, que tive de recusar entrar para o time que há uns 10 anos havia se formado em meu antigo emprego — já naquela época meus joelhos não permitiam tal façanha, mas acompanhava os jogos de minhas colegas, que não faziam feio. Sim, eu coloco minhas fichas da esperança em todas as mulheres, até as estrangeiras rivais, que não tenho dúvida, nos presentearão com um belíssimo espetáculo.

Atualmente, integro o time das cronistas desse maravilhoso site “Crônicas da Copa” e com essas poucas reflexões inauguro meu trabalho na atual competição, lembrando tristemente e homenageando uma jovem torcedora, covardemente atacada e morta na saída de um estádio. Que a tragédia que Gabriela Anelli protagonizou a tão pouco tempo da festa da copa feminina e tantas outras que já ocorreram, obscurecendo a magia do futebol, possam simbolizar a luta pelo combate leal em campo e pela paz em torno dele e no mundo todo.