Copa do Mundo de Clubes: lendas, mitos, heróis, vilões e dinheiro & dinheiro

A Copa do Mundo de Clubes carrega consigo o brilho dos grandes palcos – hoje, arenas – e a aura das narrativas épicas — evoca lendas, mitos, heróis e vilões. Mas, por trás do espetáculo globalizado, o que se revela é a face crua da desigualdade. A supremacia financeira dos clubes europeus se impõe como uma realidade incontornável.
Bilionários, esses clubes transformaram-se em verdadeiras corporações. São eles que arrebatam os jovens craques sul-americanos ainda na adolescência — quando não, ainda crianças. A lógica do mercado se antecipa à maturidade do jogo e da própria existência, comprando futuros antes mesmo que eles tenham tempo de existir ou desistir.
Em um artigo recente no Brasil de Fato, o professor Walter Bracht nos convida a olhar o futebol como um “estado de exceção”. E, de fato, é. Os clubes da Europa tornaram-se o retrato contemporâneo da concentração de riquezas nas mãos de poucos — monopólios afetivos e mercadológicos, que dominam campeonatos, transmissões e a própria narrativa do que é o futebol mundial: futebol bom mesmo é na Europa, repetem os jornalistas esportivos que mais parecem crianças deslumbradas com a super exposição dos clubes da Europa.
No Brasil, a ideia de riqueza se confunde com a de grandeza. O “clube grande” muitas vezes nada tem a ver com conquistas ou história, mas com estruturas de poder. A maioria dos clubes nacionais se transformou em fonte inesgotável de enriquecimento de dirigentes, empresários e atravessadores. O torcedor, nesse enredo, virou cliente.

Triste constatar: na Europa, os clubes são tratados como commodities com valores astronômicos. Acumulam os melhores jogadores do planeta em elencos inchados, onde até mesmo quem não joga é tratado como ativo valioso.
A Copa do Mundo de Clubes, portanto, não é apenas um torneio esportivo. É o espelho de um mundo desigual, onde poucos têm tudo e muitos torcem por um milagre. Ainda assim, o futebol resiste. Porque, no meio dessa engrenagem, ainda há espaço para o imprevisível — e é aí que moram os mitos e as lendas.

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