Cristiano Ronaldo foi para o banco de reservas da seleção portuguesa. Claro, foi uma surpresa para todos. A seleção fez um jogo impecável e venceu a Suíça por 6×1. Seu substituto marcou três gols. Ele permanecerá no banco?
É possível que Cristiano esteja descontente. Mas não deu nenhuma declaração pública reclamado protagonismo. Também não o vi de cara amarrada. Quando dos gols, ele saiu do banco, correu e comemorou coletivamente. Sorriu. E não me pareceu amarelo. Cristiano subordina interesses pessoais aos coletivos. Lição um.
Fernando Santos não humilha Cristiano. Ele tomou uma decisão técnica. Não se ventilou outro motivo. Não é que o craque desaprendeu a jogar. O treinador apostou em outros arranjos coletivos. Pensou nas interações, nas conexões. Pensou sistemicamente. Fernando faz o que tem de ser feito enquanto as coisas acontecem. Em ato. Lição dois.
Foi uma atitude corajosa também. Se Portugal perdesse o jogo, ele seria ainda mais responsabilizado do que o treinador uruguaio por deixar Arrascaeta de fora a maior parte dos jogos. Você tem dúvida?
Na coletiva, Fernando disse que ele e Cristiano não confundem a história pessoal com as decisões do futebol. Olha, isso não pode passar despercebido. É aquela história: na mesa de negociações não deixaram de focar no que importa para manter a coesão social. Lição três.
A irmã de Cristiano pensa diferente. Mas o craque, não! Com a mentalidade que tem, demonstrada por anos a fio, deve sonhar em fazer os gols decisivos que levariam Portugal à semi, depois à final, depois ao título. Ele parece mirar o horizonte, onde, no final do arco íris, está o pote de ouro. Lição quatro.
Parte da imprensa brasileira e anônimos aproveitaram para dizer que ele está velho, que seu fim é melancólico. Mas se o craque fosse contratado por algum time brasileiro, o paparicariam. Isso aconteceu com Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho.
Este Mundial está diferente. Ou eu que estou? Ou ambas as coisas?