Copa de respeito tem que deixar algo na memória. Algo que complete a frase “foi a Copa em que…”, você sabe.
Às vezes, um fato na competição entra para a história tanto quanto quem levantou a taça no final.
Já tivemos o gol de mão do Maradona, a comemoração embala-neném do Bebeto, o cabelo Cascão do Ronaldo, o soco no ar do Pelé, o surgimento das vuvuzelas. Imagens e sons que entraram para o imaginário do mundo bola para sempre.
Ah… já ia me esquecendo, teve também aquele 7 x 1.
No Catar, alguns fatos estão na briga para ficar marcados como destaques desta edição. Uma escolha muito influenciada também pelo ponto de vista de cada um.
Lembrando que este texto foi escrito horas antes da final, vamos lá:
Para os argentinos, pode ser a Copa da coroação definitiva de Lionel Messi, na sua última participação, conquistando o único título gigante que ele ainda não pode chamar de seu.
Para os franceses, pode ser a consagração da geração Mbappé e cia, colocando a França na importantíssima prateleira dos tricampeões.
Em tempo: todo mundo tenta, mas só o Brasil é penta. Chupa mundo!
Para os engajados, vai ser a Copa da invasão em campo com a bandeira de arco-íris do movimento LBGT+ no jogo Portugal x Uruguai. Além da bandeira, na camiseta o manifestante carregava mensagens sobre os direitos das mulheres iranianas e um pedido de ajuda para a Ucrânia.
Para os pacifistas, a Copa que não deveria nem ter ocorrido.
Para os incrédulos, a Copa onde o Japão ganhou de virada da Espanha e da Alemanha, se colocando como o primeiro do grupo na primeira fase e mandando os alemães mais cedo para seus grandes copos de chope na Bavária.
Para os arrogantes, vai ser a Copa onde o técnico da Espanha disse que não havia seleção melhor que a dele no mundial, mas acabou caindo nas oitavas e voltando mais cedo para suas touradas e grandes pratos de tapas de jamón.
Para os estatísticos, será a Copa com menos chutes de fora da área da história. Curiosamente, o Brasil foi um dos que mais tentou esse recurso enquanto esteve em campo. Faltou força? Faltou jeito? Faltou mira?
Para os estrategistas será a Copa onde a maioria dos jogos foram vencidos por quem teve menos posse de bola. Vide, por exemplo, os gols sofridos pelo Brasil em contra-ataques nos jogos contra Camarões e aquele outro que você sabe muito bem qual.
Para os emotivos, foi onde vimos pela última vez no mesmo mundial Cristiano Ronaldo, Messi e Neymar.
Para os supersticiosos, a Copa que disse “amigos, chegou a hora de aposentar a cueca de 2002”.
Aliás, já poderia ter ido para o lixo em 2014.
E para a minha filha Lola, prestes a completar 3 anos, talvez fique a memória de ter assistido a alguns jogos da sua primeira Copa com a vovó Zélia, que ela chama de vuvú. Corneteiros dirão que juntas elas fizeram um baita alvoroço, algazarra, tumulto e estardalhaço.
Mas como dizia Oscar Niemeyer, a vida é um sopro. E ao presentear a Lola com uma vuvuzela, vuvú Zélia encheu mais uma vez a casa de folia e euforia. E uma pitada de revolta.
Que venha 2026!