A partir de hoje até meados de julho, a terra dos Romanovs é o foco de todos os olhares, apesar do interesse por parte dos brasileiros em relação ao maior evento futebolístico do mundo, depois do sete a um, não se apresentar como dantes, segundo pesquisa; isso é, enquanto a bola não rola nos tapetes verdes. Já vi esse filme antes!

Costumo dizer que uma Copa do Mundo não é apenas um encontro de 32 seleções em busca de uma taça, no entanto, um encontro de 32 grandes culturas, dentro e fora de campo, numa mestiçagem de cores, línguas, costumes e tradições, que ocorre de quatro em quatro anos, e por isso, deve-se viver o evento com uma intensidade ímpar.

Tal miscigenação cultural tomará conta das ruas, dos bares, estádios, praças de Moscou e adjacências, embora se destaque a nota da deputada Tamara Pletnyova às belas moças russas, para que as mesmas não se deitem na copa com homens de outras etnias; ou seja, que mulheres russas evitem manter relações sexuais com estrangeiros que não sejam brancos, pois segundo a parlamentar, a fim evitar uma geração de crianças mestiças no país, como ocorreu após os Jogos Olímpicos de 1980. Que bola fora, deputada!

Dificilmente o conselho da deputada terá um cadeado na mente das mulheres russas, pois os opostos tendem a se atrair violentamente, feito Paul McCartney and Stevie Wonder em Ebony and Ivory – ainda mais num grande carnaval de cores como é sempre uma Copa do Mundo; daí, é imperativo lembrar o tema dessa vigésima primeira edição – ‘uma vida, viva-a intensamente’, como um momento único, apesar do apartheid solicitado ingenuamente por Pletnyova.

A ironia nisso tudo vem da russa Alyona Gamm, radicada no Brasil desde 2007, que ao ficar espantada com o racismo praticado na terra de Neymar Jr. resolveu montar um ensaio fotográfico mostrando a beleza da mulher afro-brasileira. Detalhe: sem alisamento no cabelo, num verdadeiro ‘live it up’, sem lenço e sem documento. Viva a Copa!

Robson Veiga