Agora pode!
Ah, dona Maria, agora pode! Vista tua camisa amarela, pendure na janela aquela bandeira tão bela, afinal, é Copa do Mundo, agora pode! Antes era só psicopatia, apenas um sequestro das cores da nossa flâmula sagrada por um grupo que nem sabia catar feijão, não sabia fazer oração, não sabia amar com o coração. Mas, agora pode! Amarele-se de corpo e alma e coração aberto. Amarele a tua rua, a tua calçada, seja ousada. Amarele a tua varanda, por onde andas, tuas paredes, teu muro, pegue o surdo, o pandeiro, o tantan, a cuíca, o tamburim. Batuque-se! Pagode-se! Sacode a poeira, dê a volta por cima, sem lenço e sem documentos, catando o feijão, um gole de pinga, sal e limão, pois, agora pode! Sim, e como pode! Vai ter dancinha no Catar, Vini Jr, Neymar e Paquetá. Por aqui vai ter caipirinha, feijoada, e as minas sem hijab, e como vai! Por isso e muito mais, dona Maria, agora pode! E como pode!
Robson Luiz Veiga
Rondon do Pará, 18 de novembro de 2022
Crônicas da Copa