É lógico que o Brasil decepcionou, que faltou isso e aquilo. Ainda estamos colocando os pingos nos is, depois da terra arrasada com a eliminação na primeira fase. Mas convenhamos, o Brasil não é a única equipe nessa situação.
A Alemanha, que é bicampeã, também saiu na primeira fase. Canadá, atual campeã olímpica, já voltou pra casa, mesmo destino da China, que já ostentou um vice campeonato em 1999.
Sei que nada justifica a derrota da nossa seleção, mas depois que os Estados Unidos, atual bicampeã, maior detentora de títulos, que sempre chegou ao menos nas semifinais, foi eliminada nas oitavas pelo dedicado e eficiente time da Suécia, com pênalti perdido pela Rapinoe (tipo a Marta delas), a eliminação do Brasil deu uma amenizada.
A derrota das norte-americanas indica, definitivamente, que essa Copa feminina “não tá fácil pra ninguém”.
Curioso que, tanto os Estados Unidos como a Suécia são times que já foram treinados pela técnica do Brasil Pia Sundhage, sendo esse último o país de origem da Pia.
Ainda que outras favoritas como Japão, Inglaterra, Holanda, França continuem no páreo, essa parece ser mais uma Copa do Mundo que vai ter aquela boa surpresa, coroando algum time que antes ninguém dava nada.
Jamaica, Marrocos e Colômbia, são as mais cotadas a ocupar esse posto de time mais querido. Pra Marrocos o caminho é mais árduo, enfrentando a França, mas é bom lembrar que a Jamaica conseguiu arrancar um tropeço das francesas, fundamental pra sua classificação em cima do Brasil.
A defesa da Jamaica é uma das melhores, com uma goleira super segura, a ótima Spencer, e a atacante Shaw, gigante que impõe respeito, capitã e maior artilheira de sua seleção.
Sinceramente, daqui pra frente vou torcer pra queridinha ser a Colômbia. Primeiro: pela Colômbia ter um confronto direto com a Jamaica, onde não há uma favorita e nem aquela história da camisa que pesa mais. O que é meio caminho andado pra uma dessas seleções classificar pra fase seguinte.
Segundo: a Colômbia tem uma das jogadoras mais promissoras do futebol feminino, a atacante Linda Caicedo, que ainda está longe do seu auge, com apenas 18 anos, mas que tem um repertório que pode ajudar a quebrar a defesa da Jamaica, com fintas e chutes de fora da área, tudo que faltou pras jogadoras brasileiras contra as Reggae Girls.
Além disso, as colombianas são hermanas, e isso não diz apenas sobre nossa aproximação geográfica, mas também sobre o estilo de jogo. A Copa do Mundo feminina tem sido um espetáculo do jogo de força e obediência tática do estilo europeu, porque a maioria das seleções e das jogadoras pertencem aos clubes de lá e a Colômbia ainda é um respiro possível de ginga e habilidade, por isso merece seguir. É talvez a única seleção que ainda tenha um toque daquilo que Pasolini chamou de futebol poesia, que é o oposto do futebol prosa europeu.
Com a canoa das favoritas perigando afundar desde a primeira fase, minha expectativa sobre a Colômbia cresce. O cruzamento das quartas é uma projeção difícil, pois a Inglaterra, que venceu todas até agora, está pelo caminho, mas as colombianas já surpreenderam vencendo a Alemanha, e esse raio chamado Linda Caicedo parece ser daqueles que caem mais de uma vez no mesmo lugar. Veremos… Eu acredito.
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Michel Yakini-Iman
Michel Yakini-Iman é escritor. Nasceu em São Paulo e atualmente vive em Itanhaém-SP. Autor de Na medula do verbo (crônicas, 2021), Amanhã quero ser vento (romance, 2018), Acorde um Verso (poesia, 2012) e Crônicas de um Peladeiro (2014). Colaborou como colunista no portal Na Galera Futebol Clube, dedicado ao futebol de várzea de Salvador-BA em 2021.
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