Depois que proibiram a bandeira de Pernambuco nos estádios porque ela lembra a do movimento LGBTQIAP+, desisti. Deviam mudar o nome de Oriente Médio pra Oriente Péssimo. Por isso acho esse mascote da Copa tão perfeito: diante de tantos constrangimentos apresentados pela comissão organizadora do Qatar e pelo comitê da FIFA, tudo devidamente escondido pelas transmissões das tevês oficiais, nada melhor do que um pano, um pano bem passado para simbolizar a grande varrida oficial da Corja do Mundo pra debaixo do tapete.
Mas, vamos e venhamos, esse cosplay de Gasparzinho não pegou. Parece um Zé Gotinha murcho! Até o Naranjito e o Fuleco tinham mais carisma que ele. Dá medo aquela versão de que ele seria a alma dos operários em condições análogas à escravidão, mortos na construção dos estádios. Mas, quem sabe agora, que ele já está sendo chamado de “tapioquinha homofóbica”, ele não acorda pra vida e começa a viver fora do armário? Lugar de todo mundo é fora do armário, flutuando por aí, dando banda, tirando de letra, extendendo-se inteiro, voando sobre e onde bem entender. Se joga, paninho!
Dizem que a Shakira, o George Michael e o Felipe Neto recusaram fortunas para se apresentarem na abertura em Doha por respeito e compromisso aos direitos humanos. De minha parte, sempre tive o sonho de ir a uma Copa do Mundo. Mas nem mesmo na do Brasil eu pude ir, em vista tanto dos preços dos ingressos quanto pela atmosfera de merda que se criou politicamente por aqui. Imagina se me convidassem para uma Copa dessas, nem de graça que eu iria! E agradeceria mandando um mascote em meu lugar: a braçadeira proibidona.
Em forma de arco-íris, na braçadeira proibidona vai escrito LOVE, igualzinho à proposta da Alemanha, que foi indeferida por conter essa palavra perigosíssima: amor.
A minha braçadeira também viraria bandana na testa, lenço na cabeça, fivela no cabelo e, com boa vontade e elástico, até um cinto ela viraria. Minha braçadeira seria um amuleto da paz e giraria no ar, virando auréola, virando coração sem medo, virando até bandeira de escanteio, e capinha de celular se preferirem.
Minha braçadeira muda de cor também: fica azul para a
ONU, branca para a Cruz vermelha e até vermelha, para simbolizar os revolucionários. É tudo a mesma coisa, pra quem não entendeu ainda de que é feita a gente.
Vou patentear minha braçadeira polilove. E vender na Polishop, como uma parte do turbante daqueles árabes lindos e livres, que um dia serão muitos, sem slamofobia alguma, com certeza. Salaam Aleikum!