Zebra africana no Catar

Enquanto temos dois dias de folga para respirar e preparar os nervos para as quartas de final da Copa no Catar, aproveito para alinhavar algumas reflexões e constatações ociosas.
Agora, restam apenas os grandes em cena: Pindorama, Argentina, França, Inglaterra, Holanda, Portugal, a combativa Croácia e a marrenta seleção marroquina, que fez a Espanha cair do salto alto — olé! Sem esquecer da pálida despedida da Alemanha, que o ex-presidente argentino Maurício Macri chamava recentemente de favoritíssima, por se tratar de uma “raça superior”. O arquipélago japonês está chacoalhando de riso com esse comentário. Sem falar nos 40 milhões de marroquinos, em Casablanca, Rabat, Paris, Madrid e arredores.
Sim, foi um gozo ver o goleiro Yassine Bounou defender dois pênaltis; e a cobrança final, do madrilenho de nascimento Achraf Hakimi selou definitivamente o naufrágio da esquadra espanhola. Tamanho triunfo levou os jornalistas marroquinos às lágrimas, e deflagrou uma onda de alegria através do mundo árabe. A ascensão da estrela marroquina vai dar novo fôlego aos leões do Senegal e a outros afroguerreiros, e espero muito ser novamente surpreendido, agora e no futuro. Insh’Allah!
A destacar, ainda, a goleada de 6 x 1 de Portugal sobre a Suíça, com a explosão de juventude e talento de um novo astro do “relvado”: o atacante Gonçalo Ramos. Quero vê-lo brilhar em campo mais uma vez, assim como espero novas façanhas de Richarlison e Vinicius Jr. O fim está próximo, diria um profeta do óbvio.
Por ora, hesito ainda em comentar o episódio do churrasco folheado a ouro que o galático Ronaldo Nazário ofereceu a alguns jogadores da seleção num restaurante estelar. Porque acho apenas uma tolice, como alguém que nos informa, na rede social, que está na Hamburgueria “X”, e posta uma foto do sandubão que vai papar. Segundo Nazário, patrocinador da áurea comilança, esse banquete kitsch poderia “inspirar as pessoas”. De fato, Nazário nunca se mostrou muito inspirado para dar declarações após incidentes bizarros como esse.
A coisa toda me fez lembrar de uma frase lapidar de um amigo, já falecido, o jornalista Pedro Campos Fernandes, que assim se referia a gente muito emproada, soberba, de salto alto: “Esse aí já mandou folhear o c(*) a ouro”.
Na sociedade do espetáculo, devemos prestar atenção para distinguir as verdadeiras joias de bijuterias simplesmente folheadas a ouro.

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