tudo grandioso demais.
ROLAVA UM JOGAÇO. DOIS TIMAÇOS.
Que Copa. Que partida. Que Messi. Que Mbappé. Que tudo.
No estádio principal de Doha o mundo só tinha olhos para o que acontecia em cima do gramado.
Mas ( ) e dentro do gramado?
Interrogação implícita, agora.
Dentro do gramado a história era pequena. Minúscula. Menor que a altura de uma trava da chuteira de Messi. Menor que a meleca que escapuliu do nariz de Di Maria. Sem citação aos franceses, porque notoriamente a torcida destes olhos, que enxergam os mínimos detalhes, era argentina.
No gramado, no segundo tempo estava a maior menor torcida do mundo: as formiguitas hermanas.
Como se instalaram por lá é fácil imaginar. Chegaram com los hermanos e ponto. E pronto. A torcida fazia a volta várias vezes em toda a extensão do gramado, do gol argentino até o outro gol dos franceses. Era uma torcida única que gritava, em uníssono.
– Adelante, Argentina.
– Messiiiiiii, zarpado.
E cantavam junto com a torcida da arquibancada, acima do gramado:
-Yo naci en argentina
Tierra de Diego y Lionel
De los niños Malvinas que nunca olvidare
no puedo explicártelo
porque no vas a entender…
E choravam tanto quando cantavam, que não será mera hipérbole dizer: algumas formiguitas morriam afogadas no próprio pranto.
Quando a França empatou o jogo com dois gols, las hermanas formiguitas não conseguiram se conter e resolveram partir para o ataque junto com os jogadores argentinos.
Nenhuma câmera de TV captou.
Nenhum bandeirinha.
Nenhum tira-teima.
Nem mesmo o polêmico VAR.
Mas de vez em quando, os franceses levavam as mãos aos joelhos, como se precisassem coçar desesperadamente. Nisso los hermanos jogadores passavam com a bola.
Outros franceses ganharam picadas no pescoço. Estas foram formiguitas que comeram mais migalhas de empanadas: escalavam o corpo inteiro.
Quando a decisão foi para os pênaltis todas se articularam e trabalharam juntas para que a França errasse.
Quando finalmente a Argentina bateu o pênalti que a fez campeã, a torcida de mãos dadas, correu para o gramado de fora para dentro, sob os pés dos jogadores argentinos.
Uma formiguita criancita gritou: morreremos estraçalhados?
O avô de tal formiguita, agarrado a bandeira da Argentina, respondeu aos prantos:
– Morimos de felicidad!
pluft plooooft