Ganhar ou perder é normal.
Ficar triste é normal.
Xingar o Tite, o Neymar, a CBF é normal.
Se indignar com o bife de ouro é normal.
Achar que o bife de ouro é direito de fazer o que quiser com o próprio dinheiro é normal. Como é normal considerar ostensivo o ato dourado e sangrento diante de uma sociedade onde parte dela disputa osso no caminhão da carniça.
Culpar o gato que apareceu na coletiva de imprensa é normal. Pega-ló pelo cangote é normal e entender que é mau trato ao animal também é.
Estamos normalizando lovers e haters, discussões infinitas e acaloradas, opiniões lacradoras, invioláveis e soberanas, incensadas pelo forum destrambelhado das redes sociais. Advento tecnologico e suas consequencias normais.
A diversidade de tudo é normal. Dor ou indiferença diante da perda são normais. Cada um vive o luto como bem entender.
Até a negação do luto faz parte.
Afinal o que é o luto? Luto pelo futebol? Pode ser, pode não ser. Fernando Pessoa matou a charada: “O poeta é um fingidor. Finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente.”
Quem ama futebol de verdade é um poeta. A perda para Croácia depois da ilusão de um gol redentor de Neymar é a dor.
É passível de ser fingida, é passível de ser assumida, é passível de ser negada. O futebol é metáfora da vida. Milhões de sentimentos se cruzam num jogo. O belo e o injusto, o balé e a vingança, o justo e a bola na trave. Azar do atacante? Pode ser. A bola ia pra dentro. Má sorte do goleiro? Pode ser. A bola ia pra fora.
Cada um tem o seu jeito de sentir ou não sentir ou não querer sentir. Nada mais normal que a complexidade humana.
Aos que sentiram a dor de 9 de dezembro, arrisco dizer que vai passar. Outras dores e delícias virão. Menos dores, mais delicias, menos delicias, mais dores. Nunca se sabe, vida que segue. Normal.
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José Guilherme Vereza
José Guilherme Vereza é publicitário, redator, diretor de criação, escritor, ficcionista, cronista, roteirista. Pós graduado em Pedagogia, acrescentou o “professor” nessa lista de coisas que gosta de fazer. E não para por aí. É pai de quatro (objetiva e subjetivamente), avô de dois, metido a cozinheiro, botafoguense típico, ama escrever. Ter sido convocado para o timaço do Crônicas da Copa é seu imodesto gol de placa.
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