A pergunta é atribuída a Garrincha, (russos, no lugar de belgas) na Copa de 58, proferida do alto da sua sábia pureza, durante uma preleção de vestiário, quando foi exposta uma estratégia infalível de vencer a poderosa URSS de Yashin e cia.
A título de cultura inútil: há os que defendem que a indagação partiu de um soldado raso das, até então, imbatíveis fileiras napoleônicas, antes do debacle francês no inverno russo.
Mas vamos ao que interessa.
Com exceção dos contumazes haters da Seleção Brasileira, em sua maioria os que teimam em misturar política com futebol, e dos praticantes do esporte que virou mania nacional que é ter picuinha com Neymar, percebo um certo otimismo perigoso.
Para uma alma botafoguense, otimismo é o diabo para a cruz, ou a cruz para o diabo, tanto faz, sou ateu de araque, creio piamente nos deuses do futebol. E eles me confidenciam há anos que ninguém ganha um jogo de véspera.
Tem gente já discutindo à boca pequena e à boca grande se prefere França ou Uruguai nas semifinais, ou mesmo vislumbra uma final contra a Inglaterra dia 15. Xô!
Tenho urticária a palpites e prognósticos de especialistas e pitonisas para o bem ou para o mal. Copa do Mundo é surpresa. É dor e delicia. É um mata-mata por vez. É disfunção erétil e prazer. Portanto, há que se precaver da ejaculação precoce.
Por gostar tanto da nossa seleção de 2018, – desde 94 não gosto tanto de um escrete brasileiro – minha pulga atrás da orelha me cochicha que sexta feira temos um jogo com a Bélgica. Um clássico. Um jogo dificílimo contra um time tão bem preparado e tão talentoso quanto o time do Tite. Equivalem-se até nos defeitos, nas virtudes e na confiança desconfiada.
Podemos ganhar, podemos perder, podemos empatar, podemos ir para prorrogação, podemos ir para os pênaltis – possibilidade esta das mais indesejáveis, tanto que tentei combinar com meu cardiologista ficar de prontidão, mas ele continua internado numa UTI Cardiológica, entubado, espetado e monitorado, desde o jogo do Brasil com a Costa Rica. Ou seja, estarei sozinho na sexta. Com minhas crenças, superstições, palpitações e gastrites.
É bom e prudente considerar uma concentração mental total contra a Bélgica. Aconteça o que acontecer, o torcedor fica com a sensação de que contribui pelo destino da peleja, pelo sim, pelo não.
Claro que torço e mordo minhas almofadas pelo sim. Mas não custa nada dar bom dia ao não. Vai que ele implica comigo como implicam com Neymar.
Bélgica favorita é hipótese para ser considerada. 1950 e 1982 estão aí na memória trágica que nos alerta e não nos deixa mentir.
Então, vamos combinar: primeiro a Bélgica. Depois, bem, depois, como diria o Conselheiro Acácio, o depois vem sempre depois. Nunca antes.
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José Guilherme Vereza
José Guilherme Vereza é publicitário, redator, diretor de criação, escritor, ficcionista, cronista, roteirista. Pós graduado em Pedagogia, acrescentou o “professor” nessa lista de coisas que gosta de fazer. E não para por aí. É pai de quatro (objetiva e subjetivamente), avô de dois, metido a cozinheiro, botafoguense típico, ama escrever. Ter sido convocado para o timaço do Crônicas da Copa é seu imodesto gol de placa.
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