O resultado inesperado (mas nem tanto) do Al Hilal contra o Manchester City, é digno da exclamação do antigo locutor esportivo, Silvio Luis, autor da frase acima!
Uma noite inesquecível. Não só para os árabes, mas para TODOS que gostam de futebol e de suas tramas surpreendentes: O Al-Hilal ganhou do poderoso Manchester City, time comandado pelo super-técnico Pep Guardiola, cuja fama atingiu limites que só a Mitologia explica! Quem, em sã consciência seria capaz de prever algo dessa natureza, a épica vitória de 4 x 3, com requintes precisos de técnica, disputa aguerrida e até mesmo uma pitada de crueldade. Não foi meme produzido por um hacker que invadiu os sistemas de transmissão da FIFA. O Al-Hilal realmente sapecou os inventores do futebol: uma história construída além da imaginação.
Ao lado do campo, o elegante e descolado Pep Guardiola não conseguia disfarçar o aparvalhamento que o tomou! Inacreditável! “Só acredito porque estou aqui”, parecia dizer Guardiola!
Uma noite memorável para os árabes, para quem gosta de futebol ou simplesmente para quem aprecia uma boa trama, digna de figurar em vários episódios de uma nova versão das “1001 noites”.
Mas, afinal, o que aconteceu? Teria o futebol árabe alcançado um novo patamar histórico, digno de figurar nas primeiras prateleiras do futebol mundial, como dizem os críticos/comentaristas? Estaria exagerando se concordasse, mas de fato existem coisas a considerar.
O futebol é um mundo a parte, sujeito a leis próprias, dentre essas leis, tudo o que cerca o imponderável; o futebol, seja amador ou profissional, oferece possibilidades de “evolução tática”. Ou seja, o simples jogo, com muitas regras, ao mesmo tempo é de fácil compreensão: todo mundo sabe o que é impedimento, tiro de meta, lateral, esquema, escanteio, faltas, etc. Considerando todas essas variantes, podemos perguntar: os árabes desenvolveram um tipo de “evolução tática” ou teria sido um mero acidente de percurso?
Ousemos sonhar. E ao sonhar, estamos colocando o futebol árabe definitivamente fazendo parte da cultura mundial, pois é isso que o futebol afinal de contas é: mais que uma modalidade esportiva, é um elemento da cultura humana, além de ter se tornado importante atividade econômica. O próprio Pelé diz isso no seu livro, “A Importância do Futebol”.
Se, de nossa parte, estamos sonhando, os árabes estão fazendo mais do que meramente sonhar. Com o auxilio de especialistas, estão aprimorando sua maneira de jogar futebol e a campanha no Al-Hilal neste campeonato mundial de clubes, não deixa dúvida: irretovável, pouco importa se vai passar pelas quartas de final ou não. Estão escrevendo sua história. E não à toa, porque na verdade, o futebol faz parte, não de hoje, da cultura árabe – como faz parte da cultura dos indígenas do Brasil Central, da asiática, africana. Em qualquer lugar onde exista alguns metros de espaço e uma bola de couro, plástico ou de meia, esse mesmo espaço se torna uma arena.
Na Copa do Mundo de 1994 o mundo assistiu assombrado algo inacreditável: na partida entre Bélgica e Arábia Saudita, o saudita Saeed Al Owairan pegou a bola antes do meio de campo e disparou rumo ao gol belga. Passou por quatro adversários como se fossem cones e finalmente venceu o grande goleiro Michel Preud’home, marcando o sexto gol mais bonito da Histórias das Copas do mundo.
Estaria Owairan dando uma pequena amostra do que podem ser capazes os árabes? Em termos de futebol, é chegada a hora e vez dos árabes nos estádios do mundo?
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Joca
Sociólogo, ex funcionário público. Autor d'A Invenção da Palavra e Pequena História do Mundo (Fábulas voltadas para o universo infantil e infanto juvenil). A publicar: O Presidente Que Burlou o Golpe (fábula política).
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