Dizem que a história nunca se repete, exceto como farsa. Diante da máquina de escrever, pretendia escrever sobre a volta do complexo de vira-latas que assolava o futebol brasileiro antes da Copa de 1958, quando ganhamos a primeira Copa do Mundo. Éramos conhecidos como os mais vistosos futebolistas do mundo, os mais técnicos, que esbanjavam categoria, mas nunca ganhava nada. Foi Nelson Rodrigues quem cunhou o conceito Complexo de Viralata, ou seja, que o brasileiro sempre se coloca em situação de inferioridade perante o mundo.
Hoje, 09-12, quartas de final da Copa do Deserto, o Brasil foi eliminado pela Croácia, nos pênaltis.
Se formos considerar as cinco últimas Copas do Mundo em que o Brasil foi eliminado por equipes europeias de forma relativamente fácil, infelizmente não se trata de se sentir inferior, mas excessivamente confiante – mesmo a acachapante derrota de 7 x 1 para a Alemanha, durante o jogo parecia que o Brasil não punha fé que a Alemanha ia ter coragem de nos atacar e marcar contra nós dentro de nossa casa! Parecia que ignorávamos os gols sofridos e a Alemanha simplesmente chutando e marcando gols diante de nossa incredulidade. A soberba, pois, é o avesso do Complexo de Viralata…
Contra a Croácia fizemos 1 x 0 em jogada individual de Neymar. Jogada individual, não coletiva. Será que isso diz muita coisa? Quem pode saber? Faz parte do futebol. Assim como tomar o gol de empate num contra ataque, também faz parte. Falta de atenção, também faz parte? Sim, faz parte. Mas deixemos os detalhes técnicos para os doutos analistas.
O Brasil não fez uma má partida. No limite, dominou a Croácia, o goleiro deles fez grandes defesas e se tivéssemos de apontar falhas e erros, não me lembro de erros crassos, evidentes. O Brasil perdeu no detalhe!
É possível que o detalhe tenha sido um momento de hesitação, a fração de segundo que permitiu ao atacante croata acertar um chute milimétrico.
No entanto, quando fomos para a disputa de pênaltis e vendo a festa que a torcida e os jogadores croatas faziam e ver a tensão no rosto do brasileiros, deu um “medinho”: o trein tá feio, pensei inicialmente. E quando vi o garoto Rodrigo, estreante em Copa do Mundo, ser o escolhido para a primeira cobrança, o “medinho” foi transformado em tremedeira e pensei: “isso vai dar merda…” E deu!
Ora, os doutos analistas são unânimes em informar que a primeira cobrança pode ser a mais importante, por isso quem deve executá-la é o cobrador oficial ou pelo menos alguém experiente. O professor Tite preferiu inovar e lembrei do velho Oto Glória, que dizia: “técnico de futebol ou é bestial ou é uma besta!” Ah, professor…
As razões para a derrota vão ser dissecadas nos próximos dias, meses ou anos, provavelmente sem se chegar a uma conclusão. Porém, segundo fiquei sabendo, o técnico do Brasil, o professor Tite, saiu de campo e foi para o vestiário na hora da cobrança de pênaltis. Até o momento que escrevo essas linhas tortas, não confirmei a veracidade dessa coisa, aparentemente bizarra.
A pergunta não cala: Tite foi mesmo para o vestiário?
Se foi, porque? Deu dor de barriga e precisava evacuar? E o que aconteceria se o time inteiro tivesse necessidade de evacuar do campo de jogo, o que aconteceria? O Adversário ganharia por WO?
Não ouso fazer qualquer julgamento sobre o comportamento do Tite. Não quero acreditar que ele caiu fora e deixou o time na mão. Ou os técnicos geralmente fazem isso? Só quem conhece os bastidores das disputas podem esclarecer esse importante “detalhe”…
E agora?
Até agora, se não errei na conta, foram disputadas 22 Copas do Mundo (contando a atual), sendo a primeira em 1930. Em 1942 e 1946 não houve Copa por causa da Segunda Grande Guerra.) O grupo dos vencedores é seleto. Apenas 8 nações estão entre as vencedoras: Uruguai, Italia, Alemanha, Brasil, Inglaterra, Argentina, França e Espanha.
Com o Brasil de fora, fica minha torcida para que vença uma equipe fora do grupo fechado. Já pensou Marrocos ou Portugal ganhando a Copa? Seria uma festa africana ou lusitana, com certeza. Mas, por outro lado, se França ou Argentina ganharem, seremos zoados por anos. Ou décadas. E os petulantes ingleses? Mas inglês é petulante de bobeira. Ficaram um tempão sem disputar Copas alegando que eles era os inventores do futebol e, aparentemente, não se rebaixariam a disputar o nobre esporte com plebeus! Que tolice! Era como se o Brasil não escalasse Pelé em por ele ser o Rei do Futebol!
Quando os ingleses resolveram disputar, só ganharam uma Copa e ainda por cima, roubada, a de 1966. Bem feito, pra largarem se ser bestas! O lance decisivo, que deu o título aos petulantes ingleses até hoje é motivo de polêmica. Mas a Inglaterra foi um grande adversário do Brasil na melhor Copa que já existiu, a de 1970. O zagueiro Bobby Moore e o goleiro Gordon Banks foram naquela oportunidade os maiores desafios de Pelé.