A cotação do euro

Preconceito? Talvez seja. Contra o bom-mocismo, o cabelismo, o nhem-nhemhismo. Mas que seja então. Por essas e outras já elegi meu craque brasileiro do momento e da Copa: Marcelo. O cara, além de jogar bola pra caramba, de ter uma habilidade incrível, tem a nossa cara. Quando eu olho para a seleção é com ele que identifico o brasileiro. Valente e manhoso, atrevido e corajoso. Esse sabe o que é jogo. Se fosse na roleta ele arriscaria tudo!
Valei-me meu sãocristinho! Eu quero é futebol dançado, brincado, moleque, atrevido. Se vai ganhar? Tô nem aí. Na hora da derrota a gente fala mal e depois lembra o resto da vida das jogadas geniais. Eu quero é arte, eu quero é beleza, eu quero é aquela malandragem tão boa, tão gostosa, aquele jeito tão especial de ser inteligente.
O povo se identifica é com o craque sem frescura, valente, que tem a cara da gente, como o Garrincha, o Pelé dos bons tempos, o Sócrates, o Zico, o Leônidas, o Rivaldo. Quando os tais craques que valem milhões de euros não se parecem em nada com a gente, a gente perde a identidade e parte para outras, vai ver jogo da Liga dos Campeões da Europa e vestir a camisa do Real. A gente é fraco, cai no buraco, buraco é fundo, acabou-se o mundo.
Vamo lá brasilzizinho, ainda tem tempo. Vamos dar mais chance pr´essa moçada acordar e ver que nem só de euros vive o futebol. Não adiante o cara valer 150 milhões de euros e jogar menos que 50 mil euros. Se o placar refletisse o preço da equipe a Argentina teria metido 11 a 0 na Islândia e o Brasil enfiaria 20 a 0 na Costa Rica.

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