Copa do Mundo de Futebol Feminino. E eu?

O fato é que eu fiquei comendo grama na primeira fase, confesso. Não a grama do campo, verdinha, bem tratada, feita para acariciar chuteiras. Comi grama de pasto mesmo, tipo capim amarelado remoído com terra. É que para pastar, qualquer grama serve, Fernanda, ou você vai lá e compra uma melhor, mais completa, e que tenha no cardápio todos os jogos da Copa do Mundo de Futebol Feminino, e pronto, e tá feito, agora é só se refestelar com a bola no gol.

Não foi o caso. Eu pastei, como qualquer bicho faminto pasta, indo de um lado para o outro tentando encontrar comida, ruminando uma ou outra migalha da tevê aberta. De um lado era A Grande Família; de outro, Cidade Alerta. Goela abaixo. Dois programas indispensáveis para essa minha vida de gado, ê-ô, programação que, certamente, não podia – e não pode – ser alterada como acontece na Copa do Mundo de futebol masculino – aí pode.

E esse papo de que esta é a Copa da mulherada? Que a partir de agora tudo vai ser diferente, que será a maior e melhor cobertura de todos os tempos? É que você sabe, né?, culpa da FIFA que montou o calendário bem juntinho com o da Copa América; e o Neymar, hein?, ali salivando notícia no intervalo dos jogos entre Brasil 3 x 0 Jamaica, três gols da Cristiane, onde está a Najila? Os dois na comilança e eu? Pastando.

A bola fazendo sua dança, e eu? Pastando.

A rede com seu bailado, e eu? Pastando.

A moça dominando a meta, e eu? Pastando.

Em cada passe, cada escanteio, aquela falta bem batida, chamou o VAR? E eu, pastando.

Que lance! Que chute!

“Jogam muito mais que muito macho!”

E eu?

Eu, aqui, de estômago vazio e muito mal alimentado, até desconfio – olha só a zombaria – que no placar de 13 x 0 que rolou entre os Estados Unidos e a Tailândia quem pastou, fui eu!

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