E a bola rola assim que o juiz apita! Nada de estranho, se ele não tivesse apitado no 2 da cronometragem. Ou foi a transmissão? Eu ainda estava tentando digerir a falta dos dois segundos, numa espécie de torpor – seria o fuso horário? Tudo rápido demais e, sim, já ouvi “gol”. O Equador abriu o placar da copa, mas anularam por um impedimento pra lá de questionável. Ah, já sei! Impediam o Equador porque, provavelmente, o anfitrião ainda não tinha entrado no jogo, pensei. Mais 5, 10 minutos, e o Catar ainda zanzava pelo campo enquanto o Equador parecia treinar em casa, tão livre jogava sozinho. Aí veio o Var confirmando o pelo no ovo que impediu só a pressa do Equador em abrir o placar. Aos 17 conseguiu, provando que não estava para treino. Claramente há um problema de tempo, porque o Equador teve novo impedimento. Também, com o time da casa de movendo em câmara lenta é difícil não estar à frente! E a gente aqui assistindo vai ficando atordoado, entre o sono e a pressa de um e outro. Sim, são muitos fusos diferentes envolvidos nessa “koopa” do mundo, como diz o meme da rede social que estourou no Brasil bem às vésperas da copa. São tempos estranhos, e o contexto político-social que faz campo para a copa não é dos mais bonitos. Por aqui a gente se sente com os pés meio fora do chão ainda, vivendo a esperança em uma história bem construída de luta, enquanto assiste a um Catar tateando o campo, descobrindo que não adianta pegar atalhos, porque também no esporte a história se constrói com luta e garra. De dentro e de fora do campo, os cataris assistem o Equador jogar futebol. Triste? Triste é a escravidão de ontem e de hoje. Triste é a copa se dar num campo minado de situações questionáveis. Mas, como brasileiro não desiste nunca mesmo, cá estou eu acompanhando um jogo que faz minha tv parecer uma máquina do tempo, em que assisto ao jogo do Equador numa época em que o Catar ainda não nasceu no futebol. E a gente ainda nem chegou no segundo tempo!
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Esther Alcântara
Poeta em essência, também escreve crônicas e letras de música. Nasceu em Monte Aprazível (SP) e há muito vive na capital paulista. Especialista em Língua Portuguesa, atua como editora, preparadora e revisora de textos, além de produzir conteúdo para livros didáticos; eventualmente também é professora. Apaixonada por livros, dedica-se ainda à encadernação artística. Entre suas produções estão o livro de artista Raízes, exposto na Biblioteca Mário de Andrade em 2015, e o minilivro de poemas Vinte poemas para serem lidos com lupa, lançado na Feira Miolo 2016. Seus poemas passeiam por saraus paulistanos, antologias, revistas e sites. Em 2017 publicou Piracema, livro de poemas, e fundou a Carpe Librum Editora. No momento organiza o Sarau Vosz, um novo projeto na periferia de São Paulo. Para Esther, poesia está sempre na pauta do dia.
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