Futebol é para os fracos. Aquele jogo cheio de regras, cada jogador tem um posicionamento, não pode bola no ombro, posições de impedimento, dolim-dolê, ti-ti-ti, bla-bla-bla, yeah-yeah/glu-glu.
Muito tico-tico leco-leco para minha turma punk.
O que jogávamos no intervalo era bem mais simples e, digamos, ‘’esportivo’’ do que o bom e velho Football inglês, my friends.
Futebol raiz como o Relim-Porrada não tem complexidade técnica, mas nem por isso é para todo mundo, só os moleques mais destemidos e corajosos sabem dominar a arte de se jogar uma bela partida de Relim Porrada.
Suas regras são básicas e muito simples: A bola ideal é a reciclada garrafinha de lata de Coca-Cola amassada pelo pé, ou ainda uma boa garrafinha de Guaraná Caçulinha, ainda inteira. Ambas são encontradas dentro das latas de lixo da escola, podendo também ser gentilmente cedida pelo amigo cagão que não joga Relim Porrada, ou uma lata de Coca-Cola bem amassada já dá conta do recado.
Junte seus 3,4 ou 6 amigos malucos e punks durante o intervalo e comece a partida, chutando o objeto amassado em direção ao pé, perna, ou qualquer outro membro de outro jogador. O objetivo aqui é a bola encostar no outro jogador. Encostou, todos os outros jogadores vão correndo em direção ao infeliz atacante, a fim de dar-lhe uma bela bicuda, chute, voadora ou qualquer outra demonstração de espírito esportivo totalmente idiota na bunda do próximo.
Como disse amigos, é um jogo punk, besta e totalmente nonsense de pré-adolescentes espinhentos, sem noção, que não têm o que fazer durante o intervalo de 30 minutos da escola.
O tempo de duração de uma partida varia de quão animados seus amigos estão de continuar a dar bicudas, ou até o momento que o mala do bedel do intervalo, perceber que aquele jogo não contempla o padrão de mínima convivência social dos estudantes daquela instituição escolar de respeito onde estudamos, afinal, estamos chutando latinhas amassadas e a bunda dos nossos amigos.
É durante estes momentos, que agradeço a Deus e louvo aos arcanjos do céu, a divina oportunidade de ter reencarnado nesta vida com uma deficiência física que me impossibilita de jogar Relim Porrada com os loucos amigos.
Pelo menos comentar sobre o Relim Porrada pôde me render alguns bons minutos de boas lembranças de amizade escolar e me rendeu um razoável número de linhas.
Já está valendo, não é mesmo!?