Confesso que ando tão sem tempo de acompanhar esta Copa do Mundo que às vezes me sinto meio fraudulenta em cumprir o dever de entregar essas crônicas sobre uma modalidade que, mea culpa, acompanho pouco e sobre a qual, por isso, tenho poucas informações. Mas como todo brasileiro que vê, torce e comenta qualquer esporte, entendendo ou não dele, eu também sou capaz de dar pitaco até em torneio de dardo. Daí que sigo assistindo, torcendo e tecendo meus comentários sobre esta surpreendente Copa do Mundo de Futebol Feminino.
Pra começo de conversa, adianto que torço sempre pros frascos e pros comprimidos. Mas, num jogo como o de hoje, de um lado as americanas poderosas, tricampeãs e favoritas indiscutíveis, e do outro as inglesas, que nunca passaram perto da fraqueza ou da opressão, fica difícil escolher um lado. Imperialismo ianque? Pois foram os britânicos que inventaram o conceito, desde que o capitalismo é capitalismo…
Até que a partida começou bonita, com os Estados Unidos nem sentindo a falta da “ídola” Rapinoe, pois sua substituta, a Press, já mostrou o cartão de visitas com um belo gol no comecinho. Mas as inglesas também marcaram bacana, e o desempate em seguida mostrou que o resultado estava aberto e bom de ver.
Aí veio o segundo tempo e o que era belo virou competitivo. As experientes americanas jogando com o regulamento, as rivais vindo pra cima. E aí vieram jogadas pegadas, impedimento, pênalti, gol anulado, lances que requeriam uma arbitragem firme e justa. E enfim descobri por quem torcer: a árbitra brasileira Edina Alves Batista. Que se mostrou apta a ocupar tal posição de destaque num jogo de semifinal de Copa do Mundo, e que poderia muito bem aparecer mais no Brasileirão que, ufa!, volta semana que vem.
O resultado em Lyon era previsível. Seguem Rapinoe e sua turma pra sua quinta final. Seguem Bronze e suas amigas pra disputa do… bronze – trocadilho inevitável. E nós, brasileiros, torcendo pro juiz – ou pra juíza, no caso. E daí? Por aqui andamos tão carentes de arbitragens competentes, seguras e justas que minha torcida pela Edina mais que se justifica. Que ela volte cheia de moral pra mostrar que nada como uma mulher pra pôr ordem na casa. Amém!
Compartilhar:
Clara Arreguy
Clara Arreguy é jornalista e escritora. Mineira de Belo Horizonte, mora em Brasília desde 2004. Trabalhou nos jornais Estado de Minas e Correio Braziliense, na revista Veja Brasília, em assessorias de imprensa de empresas e governos. Tem 29 livros publicados. Três deles falam sobre esportes: o romance "Segunda divisão" (Lamparina, 2005), o volume de contos "Sonhos olímpicos" (Franco, 2014) e o de crônicas "Futebola - crônicas sobre as copas de 2018 e 2019" (Outubro Edições, 2020), em parceria com Fernanda de Aragão. Um, sobre jornalismo: "Bola Dentro, um furo de reportagem" (Outubro, 2018). Mantém um blog de crônicas e resenhas no site de sua editora: www.outubroedicoes.com.br. E apresenta resenhas literárias no canal da Outubro Edições no Youtube. (Foto: Eugênia Alvarez)
Todas as crônicas do autor
Curta nossa página no Facebook e acompanhe as crônicas mais recentes.
Crônicas Recentes.
Joca
22/08/2023
Caio Junqueira Maciel
21/08/2023
Maria Alice Zocchio
20/08/2023
Fátima Gilioli
20/08/2023
Marcelo da Silva Antunes
20/08/2023
Marcelo da Silva Antunes
18/08/2023
Marcelo da Silva Antunes
15/08/2023