Desde ontem, com a derrota da Argentina pra Arábia Saudita, que me ocorreu a imagem de um camelo listrado. Um meme que fundisse a famosa zebra do futebol com o animal típico das areias do deserto. Hoje, foi a vez da Alemanha perder pro Japão e a minha procura se intensificou. Até que encontrei duas: uma feita pelo genial Aroeira (meu companheiro dos tempos de movimento estudantil) e outra pelo Fernandes (foto), apresentada a mim pelo também amigo e também genial Genin.
Aí entrou em campo o Bernardo, meu sobrinho, com sua verve habitual. Chamou a atenção para o fato de o “zebrelo” do Aroeira ter apenas uma corcova. Ou seja, trata-se de dromedário, e não de camelo. Já a do Fernandes ostenta a dupla montaria, portanto… E foi mais adiante o Bê: fique tranquila, que lá tem dos dois, até mais dromedários que camelos, e eles podem se cruzar.
Minha reflexão nesse momento se voltou para um aspecto da vida moderna: será que individualismo prevalente na nossa sociedade está ocasionando a extinção dos camelos e a proliferação desenfreada dos dromedários? Agora só se cavalga (camela? dromedaria?) sozinho? Não mais aos pares? E vou além: e se a Copa do Mundo do Catar introduzir no meio ambiente desértico a modalidade zebra do bicho, facilitando o surgimento das listras que caracterizam a ocorrência, nos esportes, de resultado surpreendente e inesperado?
Nesse momento os espanhóis enfiaram o sétimo gol na Costa Rica, me tirando do atormentado devaneio zoológico. Não, a zebra não anda assim tão disseminada nos campos de futebol, a ponto de interferir na reprodução dos camelídeos. Estão aí a Inglaterra, a França e a bela e mágica Espanha pra aliviar os temores de quem admira o bom futebol. Fã da Alemanha (em que doam ainda os 7×1 de 2014) e da Argentina (em que pese a empáfia de quem considera meu amado Maradona melhor do que Pelé), confesso que gosto de ver a zebrinha passear nos campos deles e não nos nossos.
Daqui a pouco começa Bélgica x Canadá. Vou publicar esta crônica antes do jogo. Se alguma das minhas teorias aqui expostas for frontalmente desmentida pelo resultado, se os belgas fizerem forfait como seus vizinhos holandeses (que ganharam, mas não convenceram de seu poderio) ou se algum valor mais alto se alevantar, volto, edito e sigo em frente. Por ora, que zebras, camelos e dromedários tenham todos seu espaço de sobrevivência e curtição da vida.
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Clara Arreguy
Clara Arreguy é jornalista e escritora. Mineira de Belo Horizonte, mora em Brasília desde 2004. Trabalhou nos jornais Estado de Minas e Correio Braziliense, na revista Veja Brasília, em assessorias de imprensa de empresas e governos. Tem 29 livros publicados. Três deles falam sobre esportes: o romance "Segunda divisão" (Lamparina, 2005), o volume de contos "Sonhos olímpicos" (Franco, 2014) e o de crônicas "Futebola - crônicas sobre as copas de 2018 e 2019" (Outubro Edições, 2020), em parceria com Fernanda de Aragão. Um, sobre jornalismo: "Bola Dentro, um furo de reportagem" (Outubro, 2018). Mantém um blog de crônicas e resenhas no site de sua editora: www.outubroedicoes.com.br. E apresenta resenhas literárias no canal da Outubro Edições no Youtube. (Foto: Eugênia Alvarez)
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