MÃOS AO ALTO: ISTO É UMA COPA!

O escritor uruguaio Eduardo Galeano era apaixonado por futebol. Sempre que chegava uma Copa, ele colocava uma placa na porta de casa: “fechado para futebol”. E só tirava de lá depois do fim da competição.
Mas como surgiu esse esporte que to mou conta do planeta?
Dois ingleses, Sir Paul e Sir Peter (inglês adora ser sir), andavam por uma estrada e encontraram uma bola. Sir Paul deu uns chutes nela e perguntou: como é que se inventa um jogo com isso? Sir Peter só olhou para a bola e perguntou: como é que se ganha dinheiro com isso? Sir Paul inventou o futebol. Sir Peter inventou a Fifa.
Há quem diga que a Fifa é um braço da Máfia. Também há quem diga que a Máfia é que é um braço da Fifa. Mas daí a escolher o Katar pra ser sede da Copa é dose. Aliás, dose não, que lá não pode beber. É sacanagem das grandes. Vários analistas acreditam que estamos diante de uma roubalheira descomunal, a cores e ao vivo. E o que é pior, com narração do Galvão Bueno.
Foi por isso que eu e meu parceiro de Copa, o Alexandre Brandão, sequestramos um VLT e dissemos ao motorista (quem conduz VLT é motorista?): toca pra Fifa! E lá fomos nós pra Zurique, na Suíça. Eu sei que de VLT não se chega nem em Madureira, quanto mais na Suíça. Mas isso não ia impedir a nossa investigação, porque estávamos farejando um escândalo. Na verdade, quem farejou tudo foi o Feola, meu cachorro vira-latas, que tem complexo de gente. No nosso trio, ele é o responsável pelo setor de farejamento. Na portaria da Fifa, passamos por uma pequena revista, que incluiu uma ultrassonografia para ver se não estávamos escondendo armas nos nossos estômagos e adjacências. Depois disso, fomos levados ao Dirigente Máximo da Entidade.
Máximo nos recebeu com muita simpatia. E assim que tirou nossas mordaças, Alexandre foi direto ao ponto: por que fazer uma Copa do Mundo num deserto? Máximo explicou que o Katar não é um deserto, é uma praia, e muito parecida com o Caribe. Só que o mar fica um pouquinho mais longe. E que devemos respeitar nossas diferenças culturais, como o simpático costume local de usar as mulheres como apoio para os pés. Fomos informados também que no Katar são terminantemente proibidas a homossexualidade e a carteira de trabalho. Feola rosnou e nós insistimos: talvez isso explique os mais de seis mil trabalhadores mortos nas obras. Máximo discordou: a Fifa e os dirigentes do Katar estão muito intrigados com esse estranho fenômeno. Um grupo de cientistas locais está analisando a hipótese de uma pandemia de alergia ao cimento usado. Por fim, ele nos convidou a participar de uma campanha que a Fifa está lançando: como o Katar é um país muito pequeno, a Fifa e o Emir que governa tudo por lá estão pedindo pros jogadores das seleções não chutarem a bola com muita força. Senão ela cai lá na Arábia e os sauditas não devolvem.
Assim terminou nossa esclarecedora entrevista. Feola saiu rosnando porque não conseguimos falar sobre o boato de que a Fifa estaria tentando o patrocínio da Nasa para uma próxima Copa na Lua, com uma final emocionante em Marte. Na saída, eles devolveram nossos documentos e o pâncreas do Alexandre. Com fome, porque a Fifa não ofereceu nem um lanchinho, fomos conhecer um pouco mais do Katar e provar uma comida típica daqui, um sanduíche conhecido como Mc الدوحة, ou McDoha.

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