A Copa e o silêncio

Como toda Copa, depois de um jogo importante, ligo para meu pai:
– Oi, pai. Tudo bem aí? Você, mamãe? Viu só esse Espanha e Alemanha? Que loucura! Não deu pra respirar, cada lance era um enfarte. Incrível. Tive que esperar o intervalo para ir ao banheiro, juro: achei que, se saísse da frente da TV, ia perder uma bela jogada ou até um gol. Muito diferente do Uruguai e Coreia de ontem. Deu sono, né? Já assisti a peladas mais empolgantes no campo da Associação. Eu não entendo: os caras esperam quatro anos para disputar a Copa e, quando ela chega, ficam tocando a bola pra lá e pra cá, desinteressados, como não quer nada. Também não gostei muito da Bélgica, achei o jogo previsível, sem graça, muito diferente do time da última Copa, aqueles desgraçados que nos eliminaram. Agora, coisa irritante é esse VAR. Quanto rigor nas marcações, gente do céu. Impedimento, então… Agora o gol é anulado porque o mindinho do pé esquerdo do atacante estava 2 cm à frente do zagueiro. Não existe mais a mesma linha, lembra: quando o corpo dos dois jogadores estavam alinhados, não havia impedimento. Agora, se o centroavante deixar a unha crescer ou for muito narigudo, corre o risco de ficar toda hora em impedimento. Pior: quando sai gol, a gente comemora com o freio de mão puxado, à espera da decisão do VAR. Façavor. E o próximo jogo da Seleção? Não é pra ter medo, né? Se não ganhar – e bem – não precisava nem ter ido, treinado tanto tempo, dado entrevista, fazer mistério na escalação… Pois é, o Neymar não joga ainda, o entorse no tornozelo foi bicho feio, mesmo. E o pior é ver tanto torcedor brasileiro comemorando a contusão do nosso melhor jogador. Estão dizendo que ele “não faz falta”. Que maluquice! Craque é craque, pode decidir o jogo numa jogada, num lampejo – viu o Messi contra o México? Jogo complicado para a Argentina e ele acerta aquela pedrada. Sei lá, acho que a turma enlouqueceu de vez, você não acha?
Silêncio. Nenhuma palavra. Nenhuma resposta. Merda.

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