Um rei no corredor

Como muita gente está colocando suas selfies ao lado de Pelé e o homenageando com textos, também vou dar a minha palhinha.

Vi o Rei por duas vezes.

A primeira foi na agência de publicidade Jarbas. Tinham a conta do Café Cacique e, uma tarde, Edson apareceu por lá em sua Mercedes-Benz. Soube que foi um momento de caixa baixa na carreira dele e, quando isso acontecia, pintava um redator publicitário no tricordiano.

Em outras palavras, Pelé foi dar uma ideia para um comercial com ele mesmo de garoto-propaganda. Não soube se o roteiro foi aprovado. Mas quem iria dizer não a uma criação de Pelé?

Naquele dia chamaram todos os funcionários para posar ao lado do jogador. Na hora, me deu um bloqueio, e não apareci. A influência dele em minha infância foi tão notável que preferi não o ver em carne e osso. Quis permanecer apenas com a memória do Pelé que vi jogando na TV.

Muitos anos depois, eu estava na sala de embarque do aeroporto de Cumbica, sentado num banco ao lado do vidro por onde passam os passageiros em desembarque. Foi quando veio andando calmamente aquele homem que mais parecia um imperador africano em sua elegância natural. A carapinha penteada para cima, um terno azul, quase deslizava pelo corredor. Ao me ver boquiaberto e comovido, parou, abriu um sorriso, e acenou para mim.

Foi o gol mais bonito que testemunhei na vida.

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