AGORA INÊS É MARTA
Inesperada eliminação da seleção feminina de futebol após um jogo Brasil x Jamaica abaixo de zero, só me resta concluir, à moda de Camões, que há nos jogos tanto tormento e tanto dano, e que não tivemos os troféus pendentes da vitória, pois não vencemos a jamaicana resistência…
Inesquecível e mais dramática foi a eliminação da seleção feminina de Portugal, o que vai justificar a inserção de trechos de Os lusíadas nessas bem mais do que quatro linhas. Como vascaíno sem time e sem torcida, desforro-me nessas páginas. Ora, pois, sei que tirar Marta à copa determina uma fatalidade e quem me dera engenho e arte para cantar e chorar sobre o vinho derramado. Porém, a lusitana eliminação diante da quase imbatível seleção estadunidense há de merecer aquilo que as armas e os barões assinalados mereceram do vate caolho.
Inesgotável é o estoque de surpresas que nos reserva o futebol; dá vontade, às vezes, de mandar tudo para os quintos dos infernos… E só de falar de assombração, o capeta aparece. Pois é: a Ana Capeta, jogadora da seleção de Portugal, no apagar das luzes e dos lusíadas, jogou aquela bola na trave. Se entrasse, seriam as trevas para moças norte americanas. Certamente os portugueses ficaram com aquela sensação para comprovar que não se arme e se indigne o Céu sereno contra um bicho da terra tão pequeno.
Inescusável a demora para as substituições na equipe brasileira: o jogo naquele ramerrão, com o show da Shaw com fúria, catimba, cera e vigor, os comentarias falando falando na necessidade de mudaças, e nossa comissão técnica nem pia. Ah, só tu, puro amor ao esporte, com força crua que os corações humanos tanto obriga há de nos conceder mais esperança para os dias melhores que virão, se é que virão.
Inescrutável é o futuro de nosso futebol. Tanto masculino quanto feminino. Quanto às moças, antes, lá estavam elas, com a linda Inês de Camões, posta em sossego e colhendo dos anos o doce fruto, aí veio o engano ledo e cego da vontade de competir e de ganhar. E que o triunfo veio para outras belas jogadoras e guerreiras: Vai, Colômbia!