Cinco a zero

Os dias têm começado sempre com alguma notícia. Seguir uns aplicativos de informação dá nisso e a primeira de hoje foi a vitória do Japão por 5 a 0 sobre a Zâmbia. Que aconteceu com o time africano? Que bem preparadas são as japonesas! Quando o jogo não é o nosso, fica fácil refletir sobre os dois lados. Pensar a qualidade do time que vence ou buscar explicação para a derrota do outro. Só que parei por aí. Os dias também começam com outras sensações e, logo cedo, o resultado me fez mesmo foi acordar para o meu atraso nos jogos. Dá vontade de usar a desculpa da diferença de fusos e a das questões pessoais, mas o que mais me pega é ainda a diferença de tratamento das coberturas das Copas masculinas e as femininas.
Fosse aquela Copa do Mundo de Futebol, cujo nome não precisa vir insistentemente acompanhado da identificação “masculina”, pessoas que, como eu, veem pouca TV, estariam mais informadas. Queira ou não, na Copa dos homens, as notícias nos chegam sem a necessidade de procurar. Caem no colo, no carrinho de compras, saltam nas telas e se bebem nos bares. No caso da feminina, a gente tem que correr atrás, como ainda tudo o que envolve a luta das mulheres. Agora mesmo estou exercendo a nossa famosa “capacidade de multitarefa”. Assisto ao jogo da Dinamarca X China e escrevo no bloco de notas. Tudo certo ou mais ou menos certo. A gente sabe que inventaram esta coisa para nos sobrecarregar, mas vamos voltar aos jogos. Para uma Copa ainda jovem, só com 32 anos, podemos dizer que estamos indo bem e , do mesmo modo, estamos no caminho de outras conquistas femininas, se o mundo, é claro, resistir às visíveis mudanças climáticas. Mas isto é um outro assunto para outro dia em outro lugar. Só não dá pra esquecer que o tema passa pelas discussões do jeitinho patriarcal de tratar o planeta.
Quanto ao resultado do Japão, não chega a ser uma surpresa. O país tem alguma chance e foi campeão em 2011 na Alemanha ao derrotar as super favoritas e tetracampeãs americanas nos pênaltis. Os cinco gols de hoje surpreenderam. Um número acima da média nas Copas. Meia dezena não é para qualquer um. Por outro lado, a gente também pode e deve olhar a ausência de gols da Zâmbia, pensar na dureza de encarar este resultado e no desequilíbrio das seleções. Neste assunto , depois dos Estados Unidos, os outros favoritos são Alemanha, Suécia, França, Inglaterra, Espanha e a Austrália. Tirando o país anfitrião, tem muita Europa nesta lista. Seria bom ver um pouco mais de África, Ásia e Américas. O Japão já mostrou a cara, China acabou de perder para a Dinamarca e ainda temos países que não jogaram.
O Brasil estreia na segunda contra o Panamá e não está nesta listinha de favoritos. Nossa seleção é a nona no ranking da Fifa, mesmo com a super Marta, seis vezes eleita a melhor do mundo. A gente tem chance? É possível pensar que sim. O cinco a zero foi quase um aviso. Vale torcer pela primeira estrela na camiseta feminina e uma linda e merecida despedida para a Marta.

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